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Como a Heineken planeja driblar o clima para crescer

Cervejaria irá desenvolver marcas premium e parcerias em mercados como a China

Heineken: as ações da companhia holandesa caíam 6,34% após a divulgação de resultado (Edna Marcelino/E&E Fotografia/Heineken/Divulgação)

Heineken: as ações da companhia holandesa caíam 6,34% após a divulgação de resultado (Edna Marcelino/E&E Fotografia/Heineken/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 29 de julho de 2019 às 17h00.

Última atualização em 29 de julho de 2019 às 17h00.

O clima não está fácil para a Heineken e tende a continuar desafiador até o fim do ano. O tempo frio e não propício na Europa, bem como o aumento dos custos de embalagem e alumínio levaram a fabricante de cervejas a apresentar resultados abaixo do esperado por analistas. O lucro da companhia alcançou 1,78 bilhão de euros, aumento de apenas 0,3%. 

Como consequência, as ações da companhia holandesa caíam 6,34% após a divulgação de resultado. É a queda mais acentuada dos últimos oito anos para a companhia. 

A situação não tende a melhorar tão rapidamente. A empresa espera crescer um dígito médio (cerca de 5%) em 2019, apesar da continuidade da volatilidade em certos mercados e aumento dos custos. A empresa também alertou para o aumento dos custos de insumos e logística. Além disso, o verão europeu implacável não deve estimular as vendas de cerveja. 

Para recuperar espaço, o foco daqui para frente será de aumento de preços e crescimento de marcas premium, bem como em mercados em desenvolvimento, como a China. 

Desafio continua

Na Europa, um de seus principais mercados, a situação deve se manter difícil depois que as vendas caíram 1,5% devido ao clima ruim.  O verão no continente começou em junho, o que poderia impulsionar as vendas da companhia, mas ondas de calor elevaram demais as temperaturas.

Ao invés de optar por uma cerveja, consumidores preferem uma água gelada e o conforto de um ar condicionado, ao invés de sair ao ar livre, afirmou o presidente da empresa, Jean-François van Boxmeer, em teleconferência com investidores.

Para avançar no segundo semestre do ano, a segunda maior cervejaria do mundo seguirá a mesma tendência de sua rival, a AB Inbev, de focar em aumento de preços e nas marcas premium. 

Por enquanto, no primeiro semestre do ano, as vendas de cervejas artesanais cresceram apenas um dígito baixo. Já as marcas internacionais, como Heineken, Desperados, Sol e Tiger, cresceram um dígito alto, com destaque para o aumento das vendas da Amstel no Brasil. 

Outros mercados

Além de estimular marcas mais premium, a empresa deve buscar crescimento em mercados em desenvolvimento. No primeiro semestre do ano, os destaques positivos da companhia foram as vendas na região Ásia e Pacífico, com alta de 10,4% no volume e 16,3% no lucro e na região África, Oriente Médio e Europa Oriental, que viu as vendas subirem 7,1% e o lucro aumentar 1,9%.

Por meio de parcerias, o crescimento pode ser ainda maior nos próximos trimestres. Na China, a companhia tem um acordo com a China Resources Enterprise, Limited (CRE), anunciada em 2018 e finalizada em abril deste ano. A Heineken comprou 40% de participação na CRE, maior cervejaria do país e dona da marca Snow, enquanto companhia chinesa recebeu 0,9% de ações da holandesa.  "Estamos satisfeitos ao unir forças para vencer o mercado chinês de cervejas premium, em constante crescimento", afirmou o presidente em comunicado. 

Nas Américas, as vendas no Brasil e no México cresceram dois dígitos, ajudando a balancear a queda nos Estados Unidos. Mesmo assim, o câmbio, com real fraco, impediu que a companhia avançasse mais no continente. Uma estabilidade maior na moeda brasileira deve ajudar a companhia a alcançar os resultados previstos para o segundo semestre. 

Há muito caminho a percorrer para alcançar a rival. A AB Inbev teve a melhor performance no segundo trimestre do ano dos últimos cinco anos, com crescimento no México, Brasil, Europa e outros. As receitas de marcas globais, como Budweiser, Stella Artois e Corona, cresceram 8% no trimestre e nos últimos três anos, receitas das marcas premium subiram 68%. 

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