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Como a Ferretti do Brasil pode lucrar com a ajuda dos chineses

Venda de 75% da fabricante italiana de iates de luxo para asiáticos pode ajudar a ampliar número de modelos oferecidos no Brasil

Iate Ferretti: cerca de 70 embarcações devem ser vendidas no Brasil neste ano (Divulgação)

Iate Ferretti: cerca de 70 embarcações devem ser vendidas no Brasil neste ano (Divulgação)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 18 de janeiro de 2012 às 18h08.

São Paulo – A venda de 75% do grupo Ferretti, maior fabricante de iates de luxo do mundo, para o grupo chinês Shandong Heavy Industry Group-Weichai, anunciada na semana passada, trouxe certo conforto para os negócios da companhia italiana, inclusive para as operações da marca no mercado brasileiro.  

Desde a crise de 2008, a grife do setor náutico vinha afundando em problemas financeiros e o resgate ocorreu na hora certa, afirmou Marcio Christiansen, CEO da companhia no Brasil, em um almoço com jornalistas, nesta quarta-feira.  “Eles nunca assumiram, mas é quase certo que, se essa operação não saísse neste momento, a Ferretti poderia ir à falência na Itália”.

Se quebrasse mesmo na Itália, as operações do grupo por aqui certamente seriam prejudicadas.  A marca, desde o início da década de 90, é licenciada pelo empresário Christiansen, que compra os moldes dos iates e paga royalties para fabricar as embarcações por aqui. Sem o suporte da Ferretti italiana, os abonados clientes poderiam buscar outros fabricantes, já que ninguém investe alguns milhões de reais em mimos que não teriam assistência técnica adequada, por exemplo.

No ano passado, a Ferretti inaugurou sua primeira fábrica no Brasil, com um investimento de 40 milhões de reais.  Apesar de a operação ser totalmente independente,  Christiansen  vê vantagens  com os chineses.   “Vamos nos beneficiar com essa operação, pois boa parte dos investimentos do grupo chinês vai para o desenvolvimento de novos modelos e para novas tecnologias, que usaremos por aqui”, afirmou. 

Contra a corrente

A operação no mercado brasileiro, mesmo com a crise, sempre andou na contramão dos demais mercados e entre os países emergentes é a que mais cresce. 


No ano passado, o grupo vendeu 47 iates e faturou cerca de 260 milhões de reais, no Brasil. Para se ter uma ideia, é mais do que a marca vendeu nos Estados Unidos no mesmo período. Para este ano, a companhia estima vender pelo menos 70 embarcações e somar receita de 350 milhões de reais. 

No mundo, o faturamento do grupo já chegou a superar a cifra de 1 bilhão de euros, com mais de 650 iates vendidos no período de um ano. Hoje, a receita da Ferretti gira em torno de 600 milhões de euros. Para voltar aos tempos do bilhão, a principal aposta é o mercado chinês, visto como muito pouco explorado. Este, aliás, foi o motivo da Shandong Heavy Industry Group-Weichai comprar a Ferretti.

Christiansen não descarta a possibilidade de os chineses fazerem uma oferta pelas operações do grupo no Brasil. Se isso acontecer, o executivo afirmou que vai estudar a proposta e, se valer a pena, quem sabe, fechar o negócio. Enquanto isso não acontece, o empresário desfruta da vantagem de ser o seu próprio patrão e não precisar prestar contas a ninguém. E, de quebra, conduzir seu negócio por águas menos revoltas que os seus colegas italianos – e, agora, os chineses.

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