A Ferrero consome cerca de 25% da produção global de avelãs pelo mundo (Justin Sullivan/Getty Images)
Redatora
Publicado em 2 de novembro de 2025 às 06h43.
A Ferrero, fabricante italiana da Nutella, suspendeu temporariamente a compra de avelãs na Turquia em meio a uma disputa com distribuidores locais e à escassez do produto causada por uma safra fraca e por pragas agrícolas. O país é responsável por quase dois terços da produção mundial da castanha, essencial para a indústria de confeitaria. As informações foram divulgas pelo Financial Times nesta sexta-feira, 31.
O preço da avelã praticamente dobrou desde o início do verão europeu (junho e setembro) após uma geada na primavera e uma infestação do percevejo-marmorizado-marrom reduzirem a oferta. A Ferrero, que consome cerca de 25% da produção global, passou a recorrer a estoques próprios e a importações do Chile e dos Estados Unidos para manter o abastecimento.
A estratégia, porém, estimulou compras especulativas de intermediários turcos, que apostam em uma retomada das aquisições pela companhia italiana.
Em um ano típico, a Turquia colhe entre 600 mil e 700 mil toneladas de avelãs, o equivalente a dois terços da oferta mundial. Em 2025, as estimativas variam entre 300 mil e 500 mil toneladas, o que pressiona ainda mais o mercado.
Com a escassez, o preço da tonelada de avelãs sem casca subiu de US$ 9 mil em junho para US$ 18 mil, segundo dados de mercado e divulgados pelo Financial Times. O Conselho Turco de Grãos (TMO), que define um preço mínimo de referência, elevou o valor de suporte em 20%, mas o mercado rapidamente superou esse patamar.
Mesmo diante da alta, a Ferrero mantém cautela. “Temos estoque de longo prazo e não há pressa em comprar”, disse Marco Botta, gerente da Ferrero Hazelnut Company ao jornal. Ele afirmou que a diversificação do fornecimento — com plantações também no Chile, EUA, Sérvia e Itália — ajuda a empresa a atravessar períodos de escassez.
Além dos grandes distribuidores, pequenos produtores também estocam avelãs, buscando proteger margens diante da inflação e dos custos de mão de obra. O aumento dos preços, porém, não compensou a queda de produtividade em muitas regiões do Mar Negro.