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Como a crise do Santos explica o futebol brasileiro

Em 2012, o clube teve um faturamento de R$ 198 milhões. No começo de 2015, não tem dinheiro para grandes contratações. Como a situação pode ter mudado tanto?


	Neymar, no Santos: o Santos correu para gastar rapidamente o dinheiro extra que entrou com Neymar
 (RENATO PIZZUTTO)

Neymar, no Santos: o Santos correu para gastar rapidamente o dinheiro extra que entrou com Neymar (RENATO PIZZUTTO)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2015 às 18h53.

Santos - Em 2013, o Santos vendeu Neymar, o maior jogador brasileiro dos últimos anos, ao Barcelona. Nos quatro anos anteriores, graças a Neymar e a um intenso investimento em marketing, o clube havia quase triplicado seu faturamento anual, de 70 milhões para 198 milhões de reais. Com uma nova leva de torcedores e muito dinheiro em caixa, as perspectivas eram animadoras.

No início de 2015, com quatro meses de salários atrasados, o Santos perdeu alguns de seus principais jogadores, como o centroavante Leandro Damião, agora no Cruzeiro. Outros, como o volante Arouca, lutam na justiça para deixar o clube. Sem dinheiro para grandes contratações, o clube se dedica, neste início de ano, a contratar veteranos como o meia Elano, que estava na Índia.

A pergunta que os torcedores e adversários se fazem é: como a situação do Santos pode ter mudado tanto em menos de 24 meses? A explicação, segundo estudo inédito do consultor Amir Somoggi, está no mais absoluto descontrole dos gastos. Assim como 90% dos clubes de futebol no Brasil, o Santos correu para gastar rapidamente o dinheiro extra que entrou com Neymar.

O custo com o departamento de futebol passou de 68 milhões de reais, em 2009, para 168 milhões de reais em 2013. No período, o clube conquistou título importantes, como a Libertadores da América, mas viu a dívida passar de 181 milhões de reais para 297 milhões - até a metade de 2014, havia subido mais um tanto, para 346 milhões.

A mesma ciclotimia já havia sido observada na chamada era Robinho, entre 2002 e 2005, quando o faturamento quintuplicou para 136 milhões de reais. Em 2006, já sem Robinho, a receita despencou para 55 milhões de reais, enquanto os custos com futebol chegaram a um recorde de 70 milhões de reais.

"É um exemplo acabado de como os clubes brasileiros não se planejam para o longo prazo. Os custos sobem junto com a receita", diz Somoggi. "O problema é que, quando os craques saem, o custo se mantém".

Para o consultor, 2015 será decisivo não só para o Santos, como para os principais clubes de futebol do país. A receita de clubes como Palmeiras e Corinthians tende a crescer com os novos estádios. Só o Palmeiras deve arrecadar 70 milhões de reais com a nova Arena. O risco é que os custos cresçam mais do que isso. Entre o final de 2014 e o início de 2015, o Palmeiras já anunciou 15 contratações. É torcer para a conta fechar. 

O faturamento anual do Santos (em milhões de reais):

Ano Valor
2003 33
2004 70
2005 136 (último ano da era Robinho)
2006 55
2007 53
2008 65
2009 70
2010 117
2011 189
2012 198 (último ano da era Neymar)
2013 190
2014 (primeiro semestre) 97

Fonte: Amir Somoggi

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