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Como a Accor quer dobrar de tamanho na América do Sul

Empresa tem hoje 266 operações na região (253 delas no Brasil) e, até 2020, promete aumentar o número para 500 (400 no país)


	Ibis, da Accor: empresa investe em tecnologia, meios digitais e aproximação com investidores
 (Divulgação)

Ibis, da Accor: empresa investe em tecnologia, meios digitais e aproximação com investidores (Divulgação)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 18h06.

São Paulo - A rede de hotéis Accor tem um objetivo audacioso: dobrar sua presença na América do Sul nos próximos quatro anos.

Ela tem hoje 266 operações na região (253 delas no Brasil) e, até 2020, promete aumentar o número para 500 (400 no país).

Dos novos empreendimentos, 196 já estão sendo desenvolvidos.

Para sustentar esse plano, a empresa está reestruturando seu comitê de direção e vai ampliar o relacionamento com investidores, reforçar a plataforma de reservas accorhtotels.com, ampliar as experiências digitais dos clientes e valorizar os funcionários.

Com a reformulação, a linha de frente da companhia passa a ter representantes de três novos departamentos: o de TI, o de marketing e o de comunicação e responsabilidade social.

"Temos agora um comitê muito mais horizontal, o que permite agilidade em tempos difíceis como o atual", disse o CEO da Accor para a América do Sul, Patrick Mendes, em coletiva com jornalistas nesta quarta-feira (24) em São Paulo.

Ele reforçou que o time também passou a ser mais diverso, composto por integrantes mais jovens e por três mulheres.

A mudança é uma das primeiras apostas do executivo, que assumiu a presidência em julho.

Digital

Incluir o setor de TI no comitê é um ponto da estratégia da empresa para expandir os meios digitais.

Hoje, cerca de 35% das vendas da rede são feitas pelos sites das bandeiras dos hotéis e 40% pelo Accor Le Club, programa de fidelidade que traz vantagens como descontos em tarifas e atendimento VIP.

"Queremos ter a melhor plataforma digital de hospedagem da América do Sul, ela têm que ser agradável", disse Mendes.

Além de melhorar esses canais, a Accor está trabalhando, por exemplo, na criação de um portal wi-fi pelo qual os hóspedes poderão solicitar todos os serviços oferecidos pelo hotel.

Também apostou em uma "chave" que vai possibilitar ao cliente abrir as portas do quarto por meio do celular. Esse dispositivo deve chegar ao Pullman Vila Olímpia, em São Paulo, ainda neste ano.

Já para melhorar a relação com os investidores, a empresa criou uma área dedicada ao assunto.

A decisão foi tomada, principalmente, porque ela identificou que aproximadamente 50% dos novos contratos para a construção de hotéis eram firmados com parceiros já conhecidos.

"Vamos intensificar o diálogo com eles, afirmou Mendes".

A valorização dos funcionários, de acordo com a companhia, é algo que já acontece na prática e que continuará nas prioridades.

No ano passado, 1 em cada 6 trabalhadores da rede na América do Sul foi promovido e 93% de toda a equipe recebeu treinamentos.

Resultados

Em 2015, enquanto a Accor apresentou um resultado recorde mundialmente, os números da operação América do Sul não foram positivos.

Por conta do cenário econômico brasileiro, o volume de negócios da companhia caiu 2,9% no subcontinente e 5,8% no país, ante 2014.

A receita por quarto disponível (Revpar - Revenue Per Avaliable Room) também recuou 8,3% na região e 5,8% no Brasil.

"A alta da inflação e o aumento dos custos com energia em 30% é uma combinação que mata as margens operacionais", observou Mendes.

De acordo com ele, porém, os indicadores foram melhores do que o esperado graças a medidas acertadas tomadas pela empresa.

"A crise também traz oportunidades de rever onde podemos economizar, e foi exatamente o que a gente fez. Tivemos uma reação boa no segundo semestre (do ano passado) e entramos em 2016 muito mais preparados", afirmou.

Entre os cortes feitos estão a redução de produtos importados ao menor nível possível com a substituição por fornecedores regionais, a redução de viagens, e a economia de água e energia.

"Pensamos duas vezes antes de gastar com qualquer coisa que não seja muito útil aos nossos negócios. O objetivo é baixar os custos nos hotéis em 10 a 15%, mas a inflação não ajuda", afirmou.

De olho no turista

A Accor também decidiu explorar mais o filão de turismo e não ser conhecida apenas pela atuação no segmento corporativo.

Ela resolveu, por exemplo, recriar a diretoria de lazer e, nos últimos 20 meses, apostou em hotéis em destinos turísticos como Rio de Janeiro, Fortaleza, Natal e Guarujá.

De acordo com Mendes, por conta da desvalorização do real, mais brasileiros estão viajando para dentro do país e mais estrangeiros estão vindo para cá.

No geral, a rede tem recebido no Brasil entre 15% e 20% mais hóspedes de outros países.

"Brasileiros com alto poder aquisitivo, que antes iam de férias para Miami e Paris, estão ficando por aqui ou indo para outros lugares da América do Sul", disse.

O Rio de Janeiro, afirma o executivo, é hoje a primeira zona de desenvolvimento da Accor no mundo. A cidade tem 29 hotéis da cadeia em operação e 20 em desenvolvimento.

As ações na capital fluminense foram aceleradas por conta das Olimpíadas, que ocorrem em agosto deste ano, mas já estavam nos planos da companhia.

Segundo Mendes, a cidade terá mais oferta de quartos do que demanda logo após os jogos, mas esse problema não se estenderá a longo prazo.

"Sim, inicialmente teremos problemas de ocupação porque há muitos hotéis sendo abertos ao mesmo tempo. Mas é um destino de qualidade, só precisa ser promovido, com foco na região da Barra da Tijuca, separadamente".

Aumento de preços

Patrick Mendes espera que este ano seja melhor para a Accor América do Sul e Brasil.

Ele conta com a manutenção das ações tomadas contra a crise ao longo de 2015 e também com um aumento das tarifas, que foram diminuídas nos últimos 12 meses.

"Colocamos um objetivo de subir os preços em 5% a 6%. Não cobre a inflação, mas ajuda", disse a EXAME.com.

De acordo com o executivo, o aumento das receitas, porém, depende de fatores ainda incertos.

"O primeiro é o impacto das Olimpíadas, que achamos que vai ser muito bom, mas ainda é uma incógnita. O segundo é se as empresas vão retomar o segmento de reuniões e eventos na crise", completou.

Ao todo, a rede abarca 14 bandeiras nas categorias luxo, midscale e econômica: Sofitel, Pullman, MGallery, Grand Mercure, The Sebel, Novotel, Suite Novotel, Mercure, Adagio, Ibis, Ibis Styles, Ibis Budget, Adagio Access e HotelF1.

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