Ex-copresidente do grupo EADS Noel Forgeard (e), com advogado no tribunal (Eric Feferberg/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 09h28.
Paris - O julgamento de ex-diretores do grupo EADS e de sua filial Airbus por crime de abuso de informação privilegiada começou nesta sexta-feira em Paris, oito anos depois de explodir o escândalo que sacudiu a gigante europeia da indústria aeronáutica.
O processo começou com uma batalha de procedimento relacionada à própria validade dos debates.
A justiça suspeita que os acusados enriqueceram indevidamente vendendo suas ações da empresa, principalmente em novembro de 2005 e março de 2006, quando tinham informações privilegiadas, precisas e confidenciais que podiam fazer a cotação na Bolsa do EADS cair.
Os diretores sabiam que iriam ocorrer grandes atrasos nas entregas do avião A380 da Airbus, o projeto do modelo A350 iria sofrer uma revisão completa e as perspectivas financeiras eram piores que o anunciado.
Uma vez publicadas, estas informações provocaram uma queda de 26% do preço das ações no dia 14 de junho de 2006, de um valor total de 5,5 bilhões de euros.
Entre os sete acusados figuram o ex-copresidente do grupo Noel Forgeard e o atual diretor comercial da Airbus, John Leahy.
Também estão envolvidos o ex-número dois do EADS, Jean-Paul Gut, o diretor financeiro da época, Andreas Sperl, e três diretores da Airbus: Alain Flourens, Erik Pillet e Olivier Andriès.
Apenas Leahy, Flourens e Sperl seguem trabalhando hoje para o "Airbus Group", a nova denominação do EADS.
No processo se declararam parte demandante vários pequenos acionistas e a Caisse des Dépôts, instituição financeira pública francesa.
O crime de abuso de informação privilegiada é passível de dois anos de prisão e de uma multa que pode chegar a dez vezes o montante dos lucros obtidos.