Negócios

Com Whindersson e Gkay, agência fatura R$ 100 milhões e quer transformar influenciadores em empresas

Com novos sócios de 2022, a Non Stop tem investido na criação de projetos proprietários, divisão que já representa 50% do negócio

Kaká Diniz, da Non Stop: As marcas estão interessadas em conversar com a comunidade dos influenciadores (NonStop/Divulgação)

Kaká Diniz, da Non Stop: As marcas estão interessadas em conversar com a comunidade dos influenciadores (NonStop/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 10h24.

Última atualização em 17 de janeiro de 2024 às 14h41.

A Non Stop encerrou o ano com faturamento de R$ 100 milhões, marcando um novo momento da agência iniciado em meados de 2022, com a entrada de novos sócios ao negócio. A empresa trabalha no mercado de marketing de influência e está por trás da carreira de influenciadores como Whindersson Nunes, Gkay, Joel Jota e Simone Mendes.

A próxima meta está estimada em R$ 140 milhões, ao final de dezembro de 2024. Atingido, o patamar representará uma alta de 180% em relação aos números obtidos em 2022. 

As novas cifras mostram a evolução de um negócio que começou como uma produtora de shows e turnês e gerenciamento de carreira de artistas e influenciadores, ainda lá em 2015, em São Paulo, e vem se adaptando aos novos e constantes ventos do mercado de influência. 

Na pandemia, quando os espaços de eventos ficaram fechados, a empresa criou uma nova divisão de negócios: a produção e criação de projetos próprios para o seu casting com cerca de 30 influenciadores, grupo que reúne mais de 600 milhões de seguidores nas redes sociais. 

Como a empresa tem crescido no mercado de influência

Surgida até como uma forma de sobrevivência, a unidade ganhou força e caminha para ser a principal base do negócio da Non Stop.   

O movimento reduziu a dependência de esperar por ações publicitárias criadas por agências e marcas. E, de quebra, aumentou o percentual do valor que fica para a empresa. Em pouco tempo, a área de projetos representa 50% do faturamento e a tendência é de que avance mais e mais.   

“Este ano entra mais e começa a trazer mais essa balança para o outro lado. Em breve, estará 80% a 20%”, afirma Kaká Diniz, sócio da Non Stop.

Na lista, estão projetos como o documentário “A Resposta”, do influenciador Deive Leonardo, o primeiro conteúdo de evangelização veiculado na plataforma de streaming Netflix. E produtos licenciados, como os tênis do MC Daniel, em parceria com a Hardcore Footwear, e o perfume do Whindersson Nunes, com a Jequiti. 

O empresário entrou para o negócio em 2017, ao fundir a operação da sua antiga empresa de shows e gerenciamento de carreira de humoristas, a Resenhando, com a agência. 

Diniz se aproximou do universo do entretenimento ainda na faculdade, com a promoção de festas universitárias e eventos de comediantes. No caminho, abandonou os cursos de direito e administração de empresas para se dedicar ao novo ofício.

O relacionamento com o setor se tornou mais próximo ao se casar com a cantora Simone Mendes, da antiga dupla Simone e Simaria. Do mundo da música e da comédia para o da influência foi um pulo. Foi neste processo que as trajetórias da Resenhando e da Non Stop se encontraram.

Com o passar dos anos, o executivo do Crato, no Ceará, ampliou a sua participação do negócio, ocupando o captable como acionista majoritário. 

“As marcas estão interessadas em conversar com a comunidade dos influenciadores e criar produtos para o público desses influenciadores. Ela não quer criar um produto para alguém falar do produto e ele ficar conhecido de uma forma geral”, afirma Diniz. 

Onde estão as oportunidades para os influenciadores

O empresário cita um exemplo de dentro de casa. Com a Simone Mendes, a Non Stop desenvolveu uma linha com a Mahogany, incluindo perfume, difusor de ambiente e sabonete líquido. Após uma live da artista, o perfume virou líder de vendas entre o portfólio da casa de perfumaria.

O movimento acompanha os avanços de um mercado em transformação. Desde 2017, o marketing de influência globalmente avançou mais de 400%, de US$ 6 bilhões para US$ 30 bilhões em 2023, segundo estimativas da consultoria OnlyAccounts.io. 

Nos próximos quatro anos, deve girar algo em torno de US$ 50 bilhões, prevê a Statista. A cada momento, novas dinâmicas são incorporadas ao setor e convertem likes em cifrões. 

Para a Non Stop, o ganho em maturidade do setor abre oportunidades para que os influenciadores, assim como as empresas, funcionem como ecossistemas e monetizem em cima dos seus ativos. 

A chegada dos sócios, com aquisição de 25% do negócio em 2022, busca isso. Na movimentação, entraram os empreendedores Janguiê Diniz, do Grupo Ser Educação, João Kepler, da Bossa Nova Invest, e a CaptAll Ventures, de Nilio Portella e Túlio Mêne.  

“Hoje quanto mais você posta, mais você ganha. Mas se você tem participação, enquanto você está dormindo, os seus negócios também estão prosperando. Então, é uma capacidade de impacto muito grande numa profissão relativamente nova”, afirma Leandro Barankiewicz, CEO da empresa. 

Quais serão as novas fronteiras

Com passagens por companhias como Oracle, SAP e 99, além de consultorias de investimentos, o executivo, conhecido como Baran, lidera a operação desde agosto de 2022, acompanhando a chegada dos novos sócios. 

No dia a dia, tem o papel de encontrar novas linhas de receitas. Uma das apostas para este ano é ir além do seu casting e apresentar projetos para as marcas que incorporem outros influenciadores e nichos, principalmente aqueles conhecidos como nano e microinfluenciadores. 

A compra da plataforma Deubom, de gerenciamento de campanhas de influenciadores, no ano passado, veio neste sentido. Ajustados os ponteiros, os sócios projetam que uma nova avenida pode ser aberta a partir daí. 

“Essa é uma das tendências gigantes que estamos vendo, e nós estamos já não só olhando, mas nos preparando, investindo e nos estruturando para fazer esse negócio acontecer”, afirma Baran.

As estratégias convergem para uma ambição apresentada quando da chegada dos novos parceiros, o faturamento de R$ 500 milhões até 2027. Pela tese, o número funcionaria como um indicativo para a abertura de capital da agência. Ou seja, se tudo certo, a Farofa da Gkay pode invadir a B3.  

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