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Com venda, Marfrig melhora dívida e foca na Ásia

“Já era esperado que a Marfrig tomasse alguma decisão para diminuir a alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa)”, diz analista à EXAME.com


	“Já era esperado que a Marfrig tomasse alguma decisão para diminuir a alavancagem”, diz analista à EXAME.com
 (Paulo Whitaker/Reuters)

“Já era esperado que a Marfrig tomasse alguma decisão para diminuir a alavancagem”, diz analista à EXAME.com (Paulo Whitaker/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 22 de junho de 2015 às 19h08.

São Paulo – Com a venda da unidade europeia da Marfrig, Moy Park, para a JBS, a empresa irá diminuir sua dívida líquida e melhorar a alavancagem, que eram as grandes preocupações dos analistas.

Agora, a Marfrig irá se focar nas exportações para Estados Unidos e China, afirmou a empresa em conferência para a imprensa.

“Já era esperado que a Marfrig tomasse alguma decisão para diminuir a alavancagem (relação entre dívida líquida e geração de caixa)”, diz Luciana de Carvalho, analista da BB Investimentos, à EXAME.com.

Segundo ela, a empresa já sofria de alavancagem alta há algum tempo e esta era a maior preocupação dos analistas. Com a venda, a empresa irá reduzir significativamente sua dívida e melhorar seu perfil financeiro.

O valor recebido com a venda da Moy Park, cerca de 1,19 bilhão de dólares, será quase totalmente usado para reduzir sua dívida bruta, disseram executivos da Marfrig em conferência.

"(O recurso) será usado substancialmente na redução da dívida bruta. Uma vez que o recurso deverá entrar entre o terceiro o quarto trimestre, é de se esperar que essa redução ocorra entre o final de 2015 e 2016", disse o diretor de relações com investidores, Marcelo Di Lorenzo.

No primeiro trimestre de 2015, a dívida líquida da Marfrig era de 10,73 bilhões de reais. Com a venda da Moy Park, o valor cairia para 5,7 bilhões, tomando-se como base um câmbio de 3,10 reais por dólar e a dívida ao final do primeiro trimestre, afirmou a empresa.

Antes da venda, ela tinha uma alavancagem de 6,2, que irá cair para cerca de 4,4, segundo analistas de mercado.

Para Luciana, a companhia deve buscar, agora, crescer de forma saudável e sustentável, preocupada com a alavancagem. O foco deve ser geração de caixa, aumentar a produtividade e diminuir despesas em suas duas divisões restantes.

Ásia e Estados Unidos

Apesar de ter saído do mercado europeu, o negócio continua globalizado, com a maior parte das receitas em moeda estrangeira, afirmou o diretor-presidente Martin Secco Arias. No primeiro trimestre do ano, 94% das receitas eram em outra moeda que não o real.

A empresa afirmou que tem duas grandes oportunidades novas em vista: as exportações para a Ásia e para os Estados Unidos.

Ela fechou um acordo de certificação sanitária e uma comitiva chinesa está vistoriando abatedouros brasileiros, inclusive da Marfrig, afirmou o presidente. A companhia espera aumentar o número de plantas autorizadas a exportar para o país de duas para quatro.

O mercado asiático, para analistas, é bastante promissor para as vendas de carne, principalmente bovina. "Há projeções bastante positivas para o aumento do consumo de carne", afirmou Luciana.

De acordo com a analista, a estratégia com foco na Ásia já tinha sido delineada em 2013. Mas foi agora que a empresa abraçou a oportunidade de investir mais em exportações para a China.

Já os Estados Unidos liberaram uma cota de carne bovina que poderá ser exportada pelo Brasil sem tarifas. As exportações de carne bovina não processada do Brasil para os Estados Unidos devem começar a ocorrer em agosto.

As aberturas desses dois mercados são a chance da Marfrig de aumentar as vendas de sua unidade de bovinos na América do Sul, a Marfrig Beef.

No entanto, a empresa não deu detalhes sobre os volumes e valores de vendas que seriam exportados para esses países.

A Moy Park era responsável por 26% do faturamento total, mas a Marfrig não respondeu se esses mercados seriam capazes de compensar a venda da unidade.

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