Augusto Schwingel Luz, CEO da Lugano: "Quando o turismo parou e as vendas caíram, nossa reação foi imediata" (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 5 de julho de 2025 às 08h08.
Última atualização em 5 de julho de 2025 às 08h11.
No ano passado, muitas empresas gaúchas ficaram sem saber como reagir à ausência dos turistas, uma consequência das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul.
Com o principal aeroporto fechado por meses, hotéis, restaurantes e até mesmo lojas de chocolates precisaram se reinventar para continuar operando. No caso da famosa marca de chocolate Lugano, a solução foi ir além de Gramado.
"Quando o turismo parou e as vendas caíram, nossa reação foi imediata: começamos a focar no mercado digital e na aceleração da abertura de franquias em busca de novos mercados", explica o CEO Augusto Schwingel Luz.
Com 130 lojas no Brasil e presença crescente no mercado internacional, a Chocolate Lugano busca alcançar a marca de 120 milhões de reais em faturamento em 2025.A Chocolate Lugano foi criada por Lauri Casagrande em 1976, em Gramado, na serra gaúcha, como uma pequena confeitaria e padaria. Em 1985, a empresa foi adquirida por Ronaldo Schwingel, que, junto à sua família, transformou o negócio em uma referência nacional.
Em 2018, a marca deu um passo importante ao migrar de um modelo de licenciamento para o de franquias, o que acelerou sua expansão. Ao todo são 130 lojas no Brasil, incluindo seis unidades próprias em Gramado e uma no Rio de Janeiro. A Lugano tem planos de abrir lojas em capitais e cidades com mais de 50.000 habitantes.
A produção de chocolates, feita na fábrica em Gramado, chegou a 523 toneladas no último ano, com projeção de 800 toneladas para 2025.
O grupo também investiu em outros projetos como:
O mercado de chocolate tem enfrentado um cenário desafiador com o aumento do preço do cacau. A tonelada de cacau, que normalmente girava em torno de 3.000 dólares, alcançou até 12.000 dólares no fim de 2024, devido a fatores como a crise climática e o impacto de doenças nas plantações.
Esse aumento afetou diretamente a produção de chocolates, com uma inflação superior a 20% nos preços do chocolate no Brasil, segundo o IBGE.
Os desafios demandaram adaptações. Com o aumento do preço do cacau, a Lugano reformulou sua linha de produtos para manter a competitividade e a acessibilidade, sem comprometer a qualidade que é sua marca registrada.
"Reduzimos o tamanho das embalagens e aumentamos os recheios, o que nos permitiu manter a competitividade e a acessibilidade para nossos consumidores", diz o CEO.
Além disso, a empresa se mantém atenta às tendências de consumo, com opções mais sustentáveis e saudáveis para atender a uma demanda crescente por alternativas com menos açúcar e ingredientes mais naturais.
A marca de chocolates vem consolidando sua presença no mercado internacional desde 2018, quando iniciou suas exportações após uma série de investimentos voltados à expansão global. A estratégia incluiu participação em feiras internacionais e estudos de mercado, que culminaram, em 2021, no primeiro faturamento significativo com vendas ao exterior.
Desde então, a marca tem ampliado sua atuação, com destaque para a América do Norte, com 9 milhões de trufas e 60 toneladas de alfajores para os Estados Unidos. Hoje, as exportações já representam 40% do faturamento da empresa.
Com o foco voltado especialmente para os Estados Unidos e o Canadá, a Lugano projeta um crescimento de 30% nas exportações para a região neste ano. Um dos principais movimentos para atingir essa meta é o fornecimento de 24 milhões de trufas à rede varejista Dollar Tree, nos Estados Unidos.
Com a reabertura do aeroporto e o turismo mais aquecido nesta Páscoa, a Chocolate Lugano também está investindo em novas experiências para seus consumidores. A Casa Lugano, recentemente inaugurada em Gramado, é um projeto ambicioso que se soma às seis lojas já existentes na cidade.
O complexo gastronômico, localizado na famosa Rua Coberta, tem 1.600 metros quadrados e oferece três andares de experiências distintas: uma osteria italiana, uma pâtisserie dedicada ao chocolate artesanal e o Espaço 1976, com um menu autoral de fondue e cozinha contemporânea.
"Vamos consolidar ainda mais a Lugano como um ponto turístico de experiência sensorial, unindo gastronomia e chocolate premium", explica o CEO.