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Com risco de nova tragédia em MG, Vale se explica ao Congresso

Auditoria indica que o rompimento do talude norte de uma mina em Barão dos Cocais é certo e deve acontecer entre esta terça-feira e o próximo domingo, 26

Capacete da Vale em Brumadinho: o presidente da mineradora disse que a tragédia não será esquecida (Washington Alves/File photo/Reuters)

Capacete da Vale em Brumadinho: o presidente da mineradora disse que a tragédia não será esquecida (Washington Alves/File photo/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2019 às 06h20.

Última atualização em 21 de maio de 2019 às 06h44.

Quatro meses após Brumadinho, a mineradora Vale segue envolta em crises de segurança. O secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, confirmou dados de uma auditoria externa que indicam que entre hoje e o próximo domingo pode haver o rompimento de um talude (terreno inclinado) na mina de Barão de Cocais.

Segundo o relatório, há entre 10% e 15% de chance de que a ruptura do talude leve ao rompimento da barragem Sul Superior, que tem metade da capacidade de contenção que a barreira de Brumadinho, que se rompeu em janeiro e causou a morte de mais de 200 pessoas.

Como parte das ações preventivas para evitar uma nova tragédia, foi iniciada a terraplenagem da área para a construção de uma contenção de concreto a seis quilômetros da barragem de Barão dos Cocais. A movimentação, contudo, não foi suficiente para segurar o valor das ações da Vale, que caíram de 49,46 reais na segunda-feira, 13, para 46,75 reais no pregão da última segunda, 20. A queda se deu mesmo com a constante alta do preço do minério de ferro na China, que estava impulsionando o valor dos papéis da empresa brasileira nas últimas semanas. Desde o rompimento de Brumadinho as ações da companhia caíram 17%.

Não só o mercado está de olho nas atitudes da Vale. O Congresso também investiga como a companhia está agindo para evitar mais tragédias. O tema é pauta da Comissão de Serviços e Infraestrutura do Senado em audiência pública nesta terça-feira. O debate foi requerido pelo senador Elmano Férrer (Pode-PI), que sugere que a audiência da CI discuta as ações adotadas pelos órgãos fiscalizadores depois do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho e a atuação da mineradora Vale na prevenção de desastres futuros e na reparação de danos. Em paralelo, a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) da Casa, instalada para investigar o caso de Brumadinho, ouvirá depoimentos de dois executivos e um ex-diretor da empresa.

A posição dos executivos tem sido cada vez mais questionada. Depois da tragédia de Mariana de 2015, ao tomar posse como presidente da Vale, Fabio Schvartsman, em 2017, afirmou que o lema da empresa seria “Mariana nunca mais”. Não deu certo. Eduardo Bartolomeu, que assumiu o comando em abril, afirmou que “Brumadinho não será esquecida” e que planeja uma grande reestruturação interna para fazer com que a cultura da empresa seja focada na segurança e em um novo pacto com a sociedade. Evitar uma nova tragédia em Barão de Cocais é uma obrigação.

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