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Com queda nas vendas, Nestlé avalia participação na L’Oréal

O aumento da participação não deve acontecer no curto prazo, mas pode se concretizar se futuramente a expansão da Nestlé para outras áreas não funcionar


	Nestlé: a indústria global de higiene pessoal crescerá 16 por cento nos próximos cinco anos, frente a 12 por cento para alimentos embalados
 (Bloomberg)

Nestlé: a indústria global de higiene pessoal crescerá 16 por cento nos próximos cinco anos, frente a 12 por cento para alimentos embalados (Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2013 às 14h30.

Paris e Londres - A Nestlé SA está avaliando se a L’Oréal SA vale a pena.

Antes que as restrições para a venda de sua participação de 29,4 por cento na fabricante de cosméticos francesa expirem em abril, a Nestlé afirmou que mantém abertas todas as suas opções. Isso gera a possibilidade de um aumento na participação, segundo o analista da Natixis, Pierre Tegner, um cenário não considerado pela maioria dos analistas e investidores.

Para a Nestlé, aumentar sua participação na L’Oréal, com sede em Paris, criaria “um líder mundial indiscutido em bens de primeira necessidade”, disse Tegner, e “seria uma boa maneira de alavancar esse investimento tão lucrativo”.

Embora no curto prazo a fabricante do Nespresso provavelmente não aumente sua participação, “se seu crescimento diminuir e a expansão para outras áreas não funcionar, então algo como a L’Oréal se verá melhor”, disse Martin Schulz, diretor de ações internacionais na PNC Capital Advisors e investidor na Nestlé desde 1997.

Saída dos cosméticos

A questão do que fazer com a L’Oréal persegue a Nestlé desde 2000, quando o atual presidente do seu conselho, Peter Brabeck-Letmathe, era presidente da companhia e propôs expandir-se na área dos cosméticos. O conselho considerou que isso era muito ambicioso e então Brabeck preferiu concentrar-se na saúde e na nutrição, segundo o histórico oficial da companhia.

As vendas de produtos orgânicos da Nestlé no primeiro semestre foram as piores em quatro anos, afetadas por reduções de preços na Europa e o desaquecimento da expansão nos mercado emergentes. A desaceleração tornou “difícil” um crescimento de 5 por cento em 2013, disse o diretor financeiro Wan Ling Martello em uma teleconferência em 8 de agosto.

A indústria global de higiene pessoal crescerá 16 por cento nos próximos cinco anos, frente a 12 por cento para alimentos embalados, segundo a seguidora de dados Euromonitor. Aumentar sua participação na L’Oréal poderia dar à Nestlé “acesso a uma variedade de produtos novos”, disse Marcia Mogelonsky, analista na empresa de pesquisa de mercado Mintel em entrevista de Nova York.


Jenny Craig

A Nestlé disse que poderia vender unidades com desempenho abaixo das expectativas, mas não divulgou quais marcas. Os analistas afirmam que entre os candidatos para um desinvestimento estão as barras PowerBar, os centros de dieta Jenny Craig e algumas marcas de água engarrafada na América do Norte.

A Nestlé tem pouca experiência em produtos de beleza fora os dois joint ventures em produtos para a pele com a companhia francesa de cosméticos, que opera em 130 países. Em 2009, Brabeck afirmou que “faria sentido ter a L’Oréal como investimento estratégico” em vez de simplesmente possuir a participação.

Depois de vender as ações, a Nestlé poderia utilizar o dinheiro para adquirir uma grande companhia de alimentos, disse Martin Deboo, analista na Investec Securities. “Por que a Nestlé quer entrar no setor de higiene pessoal e concorrer com a Univeler e a Procter Gamble? Não consigo entender essa ideia”.

Brabeck, 68, que deixou a presidência em 2008, quando a Nestlé chegou a um acordo para vender à Novartis AG sua participação majoritária na fabricante de lentes de contato Alcon Inc. por aproximadamente US$ 39 bilhões, poderia consolidar seu legado na companhia resolvendo a questão da L’Oréal.

“A Nestlé atua lentamente”, disse Pablo Zuanic, analista na Liberum Capital. “Mas provavelmente Peter quer deixar tudo arrumado antes de deixar o cargo”.

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