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'Com o tarifaço, expansão vai continuar, mas de forma ajustada', diz empresário do setor de café

A cafeteria Cherin Bão aposta no crescimento gradual e adaptação de insumos enquanto avalia impacto das novas tarifas nos Estados Unidos

Wilton Bezerra, CEO da Cheirin Bão: "Acreditamos que o setor tem força suficiente para reverter isso" (Cheirin Bão/Divulgação)

Wilton Bezerra, CEO da Cheirin Bão: "Acreditamos que o setor tem força suficiente para reverter isso" (Cheirin Bão/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 18 de agosto de 2025 às 06h24.

Última atualização em 18 de agosto de 2025 às 06h36.

A rede de cafeterias Cheirin Bão está repensando o ritmo de expansão após a imposição de tarifas de 50% pelo governo Trump a produtos brasileiros. Com a primeira loja nos Estados Unidos prevista para outubro, em Boston, a empresa mineira agora adota uma postura mais cuidadosa.

“Neste momento, nossa prioridade é garantir que as operações iniciais sejam bem-sucedidas e esperar mais clareza sobre o cenário fiscal e comercial", afirmou o CEO Wilton Bezerra.

A estratégia agora é acompanhar o impacto das tarifas, especialmente sobre o café, seu principal produto, e adotar uma postura mais pragmática enquanto o mercado se ajusta.

Com mais de 800 lojas em operação no Brasil, a Cheirin Bão está com o pé no freio, mas sem deixar de acelerar planos de crescimento.

“Ainda temos uma agenda de inaugurações no Brasil, com 130 unidades previstas para 2025. O foco agora é fortalecer nossa base antes de acelerar o processo de internacionalização", diz Bezerra.

Impacto das tarifas no café brasileiro

A decisão do governo americano de aumentar a taxação sobre produtos brasileiros pesou especialmente sobre o café, a estrela da Cheirin Bão. Por enquanto, o grão não está na lista de isenção fiscal, o que pode afetar o custo do produto nos Estados Unidos.

“Acreditamos que o setor tem força suficiente para reverter isso e, eventualmente, o café entra nessa lista”, afirma Bezerra.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços estima que, do total de US$ 40,4 bilhões em exportações brasileiras, aproximadamente US$ 14,5 bilhões, ou 35,9%, estarão sujeitos à tarifa adicional de 50% imposta pelo governo Trump.

Expansão com cautela

Embora a expansão para os Estados Unidos tenha sido um passo estratégico para a Cheirin Bão, a pressão das tarifas e o cenário global instável levaram a marca a ser mais cuidadosa com os próximos passos.

“A expansão para os Estados Unidos é uma parte importante da nossa estratégia, mas o cenário econômico pede uma visão mais estratégica e menos impulsiva. Não vamos acelerar enquanto não tivermos uma visão mais clara”, disse Bezerra.

Ele também destacou que a expectativa é de que as condições fiscais se estabilizem até outubro, possibilitando um panorama mais seguro para as decisões de expansão.

"O foco agora é inaugurar as unidades que já estavam planejadas. A expansão vai continuar, mas de forma ajustada", diz o CEO.

O modelo de negócio

A marca continua confiando em seu modelo de franquias como uma forma de expansão controlada e resiliente.

"Nosso modelo de franquias é uma vantagem. Ele nos permite replicar o modelo de negócios de forma escalável, mantendo o controle da qualidade e da operação. Isso nos permite crescer de forma mais segura e gradual", afirmou Bezerra.

Outro ponto importante na estratégia da Cheirin Bão é a adaptação dos insumos. Embora o café ainda não esteja isento das tarifas, a empresa já planeja utilizar produtos locais nos Estados Unidos, principalmente para ingredientes que não afetam diretamente o café.

“Já tínhamos planos para usar ingredientes locais para adaptar nossas receitas ao paladar do público americano. Isso ajudará a reduzir custos e garantir uma operação mais eficiente”, explicou Bezerra.

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