Starbucks: algumas lojas já foram fechadas, mas não há informação sobre encerramento de todas as operações (Daniel Giussani/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 16h57.
Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 17h06.
Chega ao fim nesta quarta-feira, 31, o aplicativo e o programa de benefícios da Starbucks no Brasil. O encerramento desses dois serviços é mais um capítulo na crise da SouthRock, empresa que opera a rede de cafeterias no Brasil e que está em recuperação judicial desde dezembro do ano passado com uma dívida estimada de 1,8 bilhão de reais.
Com o fim dessas atividades, voltaram a circular na internet especulações sobre o fechamento ou não das lojas, espalhadas em diversos Estados.
Em nota enviada à EXAME nesta semana, a SouthRock voltou a informar que o fim do aplicativo e do programa de benefícios não impactará nas operações físicas, e que as lojas seguirão funcionando. Veja a nota abaixo.
“A SouthRock confirma o encerramento do programa Starbucks Rewards no Brasil, além da opção de pagamento via Starbucks Card e do aplicativo Starbucks Brasil, a partir de 31 de janeiro de 2024. A decisão faz parte do processo de reestruturação pelo qual a empresa passa neste momento e não afeta o funcionamento das lojas. A SouthRock reitera seu compromisso com seus clientes e afirma que a descontinuação dos programas respeita os Termos e Condições estabelecidos, assim como todas as determinações legais”.
A Starbucks no Brasil faz parte do grupo SouthRock, que é dono também do empório Eataly, do restaurante TGI Friday's e de lojas em aeroportos.
No final de outubro, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial alegando dívidas de R$ 1,8 bilhão. Segundo a companhia, a crise econômica no Brasil resultante da pandemia, a inflação e a permanência de taxas de juro elevadas agravaram os desafios do negócio.
"Neste cenário, a SouthRock segue comprometida a defender a sua missão e seus valores, enquanto entra em uma nova fase de desafios, que exige a reestruturação de seus negócios para continuar protegendo as marcas das quais tem orgulho de representar no Brasil, os seus Partners [colaboradores], consumidores e as operações de suas lojas", disse em nota.
O pedido de recuperação judicial da SouthRock envolve uma dívida de R$ 1,8 bilhão. Os credores estão divididos entre as empresas do grupo que entraram no processo de reestruturação, como a Starbucks e a Brazil Airport Restaurantes. Na lista de empresas que a SouthRock está com dívidas pendentes estão indústrias de alimentos, bancos e gráficas.
A relação, de 153 páginas, demonstra uma situação comum para empresas de varejo e serviços, como é o caso da Eataly (que estava, depois saiu do pedido de recuperação judicial) e da Starbucks: há centenas de credores, cada um com uma cobrança relativamente pequena para a companhia.
Há cerca de R$ 76 milhões só com o Banco do Brasil via Starbucks. No consolidado da SouthRock, as dívidas com o Banco do Brasil estão em R$ 311 milhões. Com a securitizadora Travessia são outros R$ 469 milhões em dívidas.
Não se sabe ainda o que irá acontecer com as operações remanescentes da Starbucks do Brasil. São 144 que seguem funcionando, apesar de 43 fechamentos. A SouthRock alega que segue operando normalmente.
A dúvida do mercado é sobre as licenças para usar a marca. Isso porque, no pedido de recuperação judicial, a SouthRock também explicou que a Starbucks Coffe International, dona global da operação, encaminhou um documento à brasileira rescindindo os direitos de uso da marca em razão de inadimplência.
“Os acordos de licença Starbucks tidos por rescindidos são justamente os instrumentos pelos quais foi garantido aos requerentes o direito de exploração e operação das lojas de varejo da marca Starbucks no Brasil”, diz o documento.
A SouthRock, porém, tenta reverter a decisão na Justiça. Isso porque argumenta que a manutenção das atividades são “absolutamente essenciais” para viabilizar a reestruturação do passivo.