Banco do Brasil: presidente da instituição diz que, por enquanto, o banco ainda é eficiente (Adriano Machado/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de outubro de 2019 às 16h05.
Última atualização em 25 de outubro de 2019 às 16h36.
Rio — A revolução tecnológica no setor bancário, puxada por "fintechs" e pelo "open banking" (ferramenta que permite o compartilhamento de informações de clientes entre os agentes do setor), tornará a privatização do Banco do Brasil (BB) inevitável no futuro, disse nesta sexta-feira (25) o presidente da instituição financeira, Rubem Novaes.
"Do jeito que a modernização do sistema bancário se acelera, nesse mundo de inovações constantes, é óbvio que uma instituição publica não vai ter a mesma velocidade de adaptação", afirmou Novaes, após dar palestra durante almoço promovido pela Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). "Por enquanto, o banco ainda é extremamente eficiente e vai permanecer eficiente por algum tempo, mas, em algum momento, a perspectiva da privatização vai ter que ser enfrentada", completou.
O presidente do BB ressaltou que expressava sua "opinião pessoal", mas que tinha a expectativa de que esse posicionamento passasse a ser defendido pelo governo e pela "classe política" como um todo. Novaes evitou responder se achava possível avançar na privatização ainda no mandato do presidente Jair Bolsonaro.
Durante a palestra, Novaes disse que as instituições financeiras terão que se adaptar ao mundo "de open banking e fintechs" em "dois, três, quatro anos". De concreto, o presidente do BB reforçou que a estratégia de sua administração é privatizar todas as subsidiárias ou empresas nas quais o BB tenha participação que não tenham "sinergia" com sua atividade principal.
Segundo Novaes, o BB busca um parceiro para reduzir sua participação em "asset management", na qual atua a BBDTVM, assim como fez com seu banco de investimentos. Em setembro, BB e UBS assinaram um memorando de entendimento e estão debruçados para concluir as conversas em torno da parceria na área de investimentos ainda este ano. Após a palestra, Novaes disse que o modelo da parceria não seria igual, pois "setores diferentes requerem parcerias diferentes". Questionado, o presidente do BB evitou citar nomes de possíveis parceiros, mas disse que será estrangeiro.
Em abril deste ano, o Banco Central estabeleceu, por meio de um comunicado, as principais diretrizes para a regulamentação do open banking no Brasil. O documento determina quais informações deverão ser compartilhadas, inicialmente, entre as instituições financeiras, entre elas produtos e serviços oferecidos (como localização de pontos de atendimento e termos contratuais) e dados cadastrais dos clientes (como CPF, nome e endereço).
Também estão nessa lista dados transacionais dos clientes, como os relativos a contas de depósito e a operações de crédito; e dados de serviços de pagamento, como transferências de fundos, pagamentos de produtos e serviços.
Pelo Open Banking, o correntista poderá autorizar o compartilhamento de dados, produtos e serviços entre instituições financeiras, por meio de abertura e integração de plataformas e infraestruturas de tecnologia. Por meio dele, clientes bancários poderiam, por exemplo, visualizar em um único aplicativo o extrato consolidado de todas as contas bancárias e investimentos.
Também seria possível realizar uma transferência de recursos ou realizar um pagamento, sem a necessidade de acessar diretamente o site ou aplicativo do banco. A adesão deve ser opcional do cliente.
O diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, afirmou, na última semana, que o Open Banking entrará em vigor entre 2021 e 2022.