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Com greve de entregadores, apps fazem entrega de carro e táxi

De três pedidos feitos em aplicativos de delivery, dois foram entregues de carro; entregadores protestam hoje por melhores condições de trabalho

Entregadores em greve em Florianópolis: movimento realiza paralisação em todo o país por melhores condições de trabalho (Pierre Rosa/Agência Estado)

Entregadores em greve em Florianópolis: movimento realiza paralisação em todo o país por melhores condições de trabalho (Pierre Rosa/Agência Estado)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 1 de julho de 2020 às 14h59.

A greve dos entregadores nesta quarta-feira não comprometeu o serviço dos aplicativos na capital paulista. A reportagem da EXAME fez pedidos pelos três maiores aplicativos de entrega: Ifood, Rappi e Uber Eats. Dos três pedidos, apenas um foi entregue por um motociclista. O segundo foi entregue por um motorista de táxi e o terceiro por um motorista de Uber.

A primeira entrega, pedida no iFood, ocorreu antes das 9h e foi feita por um motociclista. A entrega ocorreu dentro do horário previsto, por um motociclista sem máscara. Sua percepção era de grande adesão dos colegas à greve. No entanto, ele disse que decidiu trabalhar, porque tem contas para pagar.

A segunda entrega, pelo Rappi, demorou cerca de quarenta minutos, alguns minutos a mais que o previsto. O pedido foi entregue por um motorista de táxi, com máscara. Ele relatou que estava trabalhando mais frequentemente com entregas na pandemia, mas que hoje, com a greve, havia percebido mais pedidos de entrega para ele.

A terceira entrega foi feita no horário do almoço, pelo Uber Eats. A entrega foi rápida, demorou 25 minutos, e foi feita por um motorista de Uber, que estava de máscara. O motorista disse que era comum realizar entregas de delivery e que viu muitos motociclistas na rua.

Entenda a greve

Entregadores de aplicativos realizam hoje uma paralisação em todo o país por melhores condições de trabalho em meio à pandemia de covid-19. Dentre as reivindicações do movimento estão maior pagamento pelas corridas, seguro de vida para roubos e acidentes e verba para comprar equipamentos de proteção pessoal, como máscaras e luvas.

Uma pesquisa recente publicada pela Procuradoria Regional do Trabalho da 15a Gegião mostra que, durante a pandemia, 62% dos entregadores entrevistados declararam trabalhar mais de 9 horas por dia, ante 57% que trabalhavam mais de 9 horas antes da pandemia. A maioria dos entrevistados (59%) relatou queda na remuneração. A redução ocorreu mesmo para aqueles que mantiveram o mesmo número de horas trabalhadas. Para os pesquisadores, o aumento no número de entregadores puxou para baixo a remuneração.

O Ministério Público do Trabalho definiu em abril medidas a serem tomadas por empresas de delivery na pandemia. Definiu, por exemplo, que as companhias forneçam para o entregador álcool em gel, locais para lavar as mãos com sabão e papel toalha, espaço e serviço de higienização para os veículos e água potável. Ainda assim, sindicatos da categoria afirmam que as medidas não foram totalmente adotadas.

Reportagem de capa da Exame em abril mostrou que a procura por aplicativos de entrega explodiu com a pandemia. No iFood, o número de candidatos para trabalhar na plataforma dobrou em março. Foram 175.000 inscrições naquele mês, ante 85.000 inscrições em fevereiro. A Rappi também reportou um crescimento de três vezes na demanda pelo app na comparação entre março e janeiro. Já o Uber Eats teve crescimento de dez vezes na base de restaurantes desde o início da pandemia.

O isolamento social fez com que o consumidor ampliasse o uso do delivery, aumentando as oportunidades para essas empresas, que têm sido procuradas por parceiros do varejo para entregar mais do que refeições, como compras de supermercado. “Vivemos a aceleração de um processo de descoberta do consumidor que aconteceria entre seis meses e dois anos”, disse Diego Barreto, vice-presidente de estratégia do iFood na reportagem.

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