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Com gestão do Casino, Pão de Açúcar reformula negócios

Entre as mudanças empreendidas destaca-se o aumento da competitividade de preços no Pão de Açúcar


	Consumidores no Pão de Açúcar: companhia a eliminação das lojas 24 horas do Extra e do Pão de Açúcar
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Consumidores no Pão de Açúcar: companhia a eliminação das lojas 24 horas do Extra e do Pão de Açúcar (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 08h02.

São Paulo - O primeiro ano da gestão "puro-sangue" do Casino no Grupo Pão de Açúcar está prestes a chegar ao fim. E as mudanças não se restringem à troca de comando, começando pelo executivo Ronaldo Iabrudi, homem de confiança do grupo francês no Brasil, que assumiu a presidência em janeiro.

Mesmo afirmando que pegou o negócio já redondo, a nova direção seguiu em 2014 uma cartilha baseada no ganho de eficiências.

Entre as mudanças empreendidas destacam-se o aumento da competitividade de preços no Pão de Açúcar, o fechamento de lojas pouco eficientes da Via Varejo e a eliminação de serviços considerados caros.

Foi buscando cortar custos que a companhia anunciou, em maio, a eliminação das lojas 24 horas do Extra e do Pão de Açúcar. Manter as portas abertas na madrugada custa caro e, na ponta do lápis, a conta não fecha.

"Do ponto de vista financeiro, isso é verdade. Mas o cliente antes tinha a tranquilidade que encontraria lojas abertas às 3 da manhã", pondera um consultor de varejo.

Sabendo que o equilíbrio entre o resultado das planilhas e a satisfação do cliente é fundamental, o grupo recuou parcialmente. "Após ouvirmos o cliente, decidimos reabrir parte das lojas do Extra durante as 24 horas", explica Iabrudi.

Cada área de negócio está passando por um "pente-fino" - bem ao estilo de Jean-Charles Naouri, do Casino. "Como bom matemático, ele é detalhista e olha o que dá dinheiro. Ele vai explorar a segmentação dos negócios, como faz na França", diz uma fonte próxima a Naouri.

No Pão de Açúcar, houve uma reorganização de portfólio, especialmente entre produtos de maior valor agregado - que davam fama de "careira" à bandeira.

Pedra no sapato das redes varejistas, os hipermercados passam por uma revisão: em alguns casos, as lojas Extra estão dando lugar a pequenos shopping centers da divisão GPA Malls. Em bairros de alta renda, unidades da bandeira cedem espaço ao Pão de Açúcar.

A principal aposta em abertura de lojas do grupo no Brasil neste ano foi em uma área na qual o Casino tem muita experiência: os minimercados de bairro. Só na França, o controlador do Pão de Açúcar opera 12 mil lojas do tipo.

De janeiro a setembro, a companhia abriu 96 lojas de proximidade no País, a maioria com a bandeira de baixo custo Extra. Mais recentemente, começou a expandir o modelo em bairros de classe alta, com o Minuto Pão de Açúcar.

A ordem é acelerar o ritmo da oferta em 2015.

Depois de fechar 30 lojas do Ponto Frio e da Casas Bahia no primeiro semestre, Iabrudi afirma que a expansão das redes de eletrodomésticos da Via Varejo neste quarto trimestre mais do que compensará os fechamentos.

A diferença é que a expansão terá foco no Nordeste. Como o Ponto Frio foi reposicionado com uma proposta "premium", a Casas Bahia deverá dominar as inaugurações.

Todas as medidas implementadas, segundo o presidente do GPA, têm uma só intenção: faturar mais. "A receita para a gente é a chave de tudo. É com receita maior que os custos serão diluídos", afirma Iabrudi.

No terceiro trimestre, o grupo teve faturamento líquido de R$ 15,6 bilhões, alta de 10,9% sobre igual período de 2013. Mas o resultado está longe de ser uniforme entre as divisões.

E o balanço do negócio que reúne Extra e Pão de Açúcar foi o que mais sofreu, com queda de 0,3% de receita na mesma comparação. Já o faturamento do atacarejo Assaí subiu 31%.

Conjuntura

Embora o executivo minimize as mudanças de 2014, analistas dizem ter percebido um novo e claro direcionamento, alinhado à atual realidade da economia.

Esse caminho mais austero, mesmo à custa da redução de alguns serviços, poderá ser útil ao Pão de Açúcar em 2015, afirma Maria Cristina Costa, da consultoria de investimento Lopes Filho: "Não dá só para vender para as classes A e B. A companhia está olhando para a base da pirâmide (classes C e D), que tem crescido e mudado os hábitos de consumo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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