Negócios

Com fones de ouvido de trigo, esta empresa de Curitiba planeja faturar R$ 10 milhões

Fundada em 2017, a Händz produz carregadores, caixas de som e outros acessórios com matérias-primas como bambu, cânhamo e garrafa PET reciclada

Rodrigo Lacerda, CEO da Händz (Duda-Varpechowski/Growth-Global)

Rodrigo Lacerda, CEO da Händz (Duda-Varpechowski/Growth-Global)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 7 de outubro de 2024 às 13h57.

Última atualização em 7 de outubro de 2024 às 13h57.

O mercado global de materiais sustentáveis deve alcançar US$ 942,38 bilhões até 2030, impulsionado pela crescente demanda por produtos que minimizam os impactos ambientais. Entre os materiais mais buscados estão bambu, fibra de cânhamo e plástico reciclado, que não apenas reduzem o desperdício e as emissões de gases de efeito estufa, mas também atraem um público disposto a pagar mais por produtos alinhados com valores ecológicos.

Dentro desse contexto, a Händz, marca brasileira de acessórios para celulares, tem explorado esse nicho com soluções que vão de cabos de celular feitos com garrafa PET a caixas de som produzidas com borra de café. Criada em 2017 por Rodrigo Lacerda, a empresa busca integrar tecnologia, design moderno e sustentabilidade no mercado de eletrônicos. Agora, com a expectativa de faturar R$ 10 milhões em 2024 e uma nova linha de produtos feitos com a Disney Brasil, a empresa com sede em Curitiba busca consolidar sua posição como a "opção sustentável" dos eletrônicos no Brasil.

Produção fora do Brasil

A Händz vem crescendo em um mercado no qual 24% dos consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos que prezam pela sustentabilidade, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com a Nexus. O uso de materiais como bambu, que cresce rapidamente e requer menos recursos, e fibra de cânhamo, conhecida por sua resistência e baixa pegada de carbono, está no centro das inovações da marca. O fundador sempre trabalhou na área de importação, trazendo produtos diversos para solo brasileiro. Quando decidiu começar a empreender, quis que o produto também estivesse aliado ao princípio de sustentabilidade e acabou encontrando os materiais ideais na China.

Toda a produção da Händz é realizada na região asiática, onde a empresa mantém uma rede de fornecedores especializados em matérias-primas não convencionais, como garrafa PET reciclada e plástico ABS. Lacerda faz visitas frequentes ao país para acompanhar de perto a fabricação e garantir que os padrões de sustentabilidade sejam mantidos. “Desde o início, eu sabia que precisaria estar envolvido em cada etapa da produção. Por isso, viajo à China várias vezes ao ano para garantir que tudo saia conforme o planejado,” explica.

O processo de fabricação envolve uma cadeia de suprimentos que vai desde a coleta de resíduos plásticos até a transformação desses materiais em acessórios eletrônicos. “Nós trabalhamos com fábricas que têm certificações de responsabilidade ambiental, o que garante que não estamos apenas usando materiais reciclados, mas também colaborando com fornecedores que seguem práticas éticas,” diz o fundador. A mesma pesquisa da Nexus mostra que quase metade dos entrevistados (48%) verifica sempre ou às vezes se o produto foi produzido de forma sustentável, ou seja, com práticas que minimizam o impacto ambiental. Esta parte parece estar sob controle com a oferta da matéria-prima chinesa, mas, a logística de importação ainda representa um desafio para a empresa curitibana.

21 franquias baratas a partir de R$ 3.000 para começar a empreender antes do Natal

Desafios na importação

Apesar do sucesso no Brasil, a produção local ainda não é uma realidade. Segundo Lacerda, a falta de uma infraestrutura adequada para eletrônicos e os custos elevados tornam a fabricação no Brasil inviável no momento. “Hoje, o Brasil não tem um parque industrial que nos permita fabricar com a qualidade e eficiência necessárias para atender à nossa demanda,” comenta.

O fundador explica que grande parte da produção global de eletrônicos, como placas de circuito, é concentrada em regiões específicas da China, que possuem uma logística altamente especializada e um custo competitivo. “Seria meu sonho poder fabricar no Brasil um dia, mas atualmente não temos as condições para isso,” afirma. “Precisaríamos de um grande desenvolvimento no setor industrial e fiscal aqui para viabilizar essa mudança.”

Produtos podem demorar meses para chegar ao Brasil devido a questões alfandegárias, o que impacta os lançamentos e a disponibilidade no mercado. “Os atrasos na chegada dos produtos impactam nosso planejamento, especialmente quando queremos lançar novas linhas,” admite Rodrigo. No entanto, ele garante que a empresa mantém um ciclo de reinvestimento contínuo, sem recorrer a investidores externos.

Parcerias com grandes marcas

Hoje, são mais de 40 produtos no portfólio da Händz. O cabo de celular feito com garrafa PET reciclada é descrito como "praticamente indestrutível" e é o carro-chefe da marca. Além dele, a tomada de ABS reciclado e a caixa de som de borra de café têm sido grandes sucessos de vendas.

A Händz acaba de fechar uma parceria com a Disney Brasil para o lançamento de uma linha de acessórios eletrônicos sustentáveis com o selo da gigante do entretenimento. Um dos produtos, por exemplo, é um carregador portátil no formato das orelhas de Mickey Mouse. A linha incluirá produtos como carregadores e caixas de som, todos feitos com materiais ecológicos, alinhados à estratégia global da Disney de investir em sustentabilidade.

A empresa curitibana tem investido constantemente no desenvolvimento de novos produtos. O CEO aponta que, além da linha Disney, a marca pretende lançar mais acessórios feitos com matérias-primas recicladas e renováveis, como cortiça e fibras vegetais. “Estamos sempre explorando novas soluções para criar produtos que, além de sustentáveis, sejam duráveis e funcionais,” comenta Rodrigo. “O futuro do consumo está na sustentabilidade, e nós estamos prontos para fazer parte dessa transformação.”

Acompanhe tudo sobre:SustentabilidadeTecnologia

Mais de Negócios

Até mês passado, iFood tinha 800 restaurantes vendendo morango do amor. Hoje, são 10 mil

Como vai ser maior arena de shows do Brasil em Porto Alegre; veja imagens

O CEO que passeia com os cachorros, faz seu próprio café e fundou rede de US$ 36 bilhões

Lembra dele? O que aconteceu com o Mirabel, o biscoito clássico dos lanches escolares