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Com dólar alto, GM aumenta preços e deve ser seguida por outras montadoras

A GM afirmou que fará 20 lançamentos até 2022 e, para isso, precisará de um novo plano de investimentos que ainda não tem data para ser anunciado

GM: a montadora afirmou que neste mês perderá participação no mercado porque deixou de produzir nos dias da greve dos caminhoneiros e também porque a fábrica de Gravataí (RS) ficará parada por 10 dias para preparar novos modelos (Rebecca Cook/Reuters)

GM: a montadora afirmou que neste mês perderá participação no mercado porque deixou de produzir nos dias da greve dos caminhoneiros e também porque a fábrica de Gravataí (RS) ficará parada por 10 dias para preparar novos modelos (Rebecca Cook/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de junho de 2018 às 11h16.

Última atualização em 12 de junho de 2018 às 11h23.

São Paulo - A alta do dólar está pesando nos custos de produção de veículos que utilizam componentes importados e haverá impacto nos preços ao consumidor. A General Motors já tem tabela pronta de reajustes a ser divulgada nos próximos dias e deve ser seguida por outras fabricantes.

"Claro que não haverá um repasse total dos custos, porque o mercado não tem condições de absorver, mas não se pode manter uma operação funcionando com prejuízo por muito tempo", diz o presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga.

Ele calcula que um automóvel com 40% de itens importados pelas montadoras e autopeças - a maioria de alta tecnologia, não produzidos no País -, teve alta de custo de 20% só com a elevação do dólar frente ao real. O impacto no preço final é de cerca de 8%.

"A indústria ainda está se recuperando da crise econômica, atua com margens baixas (na venda dos carros) e essa nova pressão não estava nos planos de ninguém", diz o executivo.

Na Argentina, principal cliente das montadoras brasileiras, os preços dos carros subiram 24% de janeiro até agora, principalmente por causa da valorização da moeda americana.

Além da questão cambial, Zarlenga ressalta que, no Brasil, toda a indústria está sendo impactada pelas previsões de crescimento menor do PIB, de alta na inflação e nos juros e da falta de confiança dos consumidores - que aumentou após a greve dos caminhoneiros. "Isso está refletindo nas lojas e a média de vendas está menor do que esperávamos neste mês".

O executivo reduziu de 2,7 milhões para 2,5 milhões a 2,6 milhões a projeção de vendas do mercado total brasileiro. Outra constatação é que não será possível obter resultados positivos no balanço financeiro da GM na América do Sul. O grupo registrou prejuízos em 2015 e 2016, equilíbrio em 2017 e esperava pequeno lucro neste ano.

Investimentos

Líder em vendas no País, a GM também adianta que neste mês perderá participação no mercado porque deixou de produzir nos dias da greve dos caminhoneiros e também porque a fábrica de Gravataí (RS) ficará parada por dez dias para preparar as linhas para início da produção de novos modelos. Com isso, deverá faltar produtos nas lojas. A maioria das versões do Onix, carro mais vendido no País, é feita nessa fábrica, assim como o Prisma.

A GM já afirmou que fará 20 lançamentos até 2022 e, para isso, precisará de um novo plano de investimentos que ainda não tem data para ser anunciado.

"Estamos num período de incertezas que não nos dá clareza para tomarmos decisões de longo prazo", diz Zarlenga. Entre os entraves estão a publicação da nova política industrial do setor, o Rota 2030 (parado nas mãos do governo há seis meses), a as eleições de outubro. "Não está claro se o processo de reformas necessárias para o País crescer será retomado."

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