Neoenergia: grupo de energia fez oferta de ações na B3 na sexta-feira (28) (Pixabay/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de junho de 2019 às 09h56.
São Paulo - A Neoenergia captou R$ 3,7 bilhões na B3 ontem (28), na segunda abertura de capital do ano, após a Centauro. A demanda dos investidores pela Neoenergia foi alta e superou em cinco vezes a oferta de papéis.
Com o lançamento dos papéis, o Banco do Brasil vendeu sua participação na Neoenergia. O fundo de pensão dos funcionários do banco público, a Previ, e a controladora Iberdrola também foram vendedores, mas de pequenas fatias.
A abertura de capital ocorre pouco mais de um ano e meio depois de uma tentativa fracassada nesse sentido, quando a empresa cancelou a oferta de papéis, "tendo em vista condições de mercado", segundo justificou à época.
Para emplacar a abertura de capital agora, a Neoenergia reduziu o valor da companhia, em relação ao esperado na tentativa anterior. O desconto oferecido atraiu o investidor, que passou a ver a empresa como uma alternativa de exposição ao setor de energia, considerado previsível e seguro, num momento de perspectiva de retomada econômica e, consequentemente, do consumo de luz.
Além disso, agrada aos investidores a estratégia de crescimento da companhia, com diversificação já em andamento para o segmento de transmissão e as boas perspectivas de negócios, bem como potenciais ganhos de eficiência com o fortalecimento da espanhola Iberdrola como controlador do grupo.
A Neoenergia é um grupo integrado de energia, com operação nos segmentos de geração, transmissão e distribuição - esta última responde por 80% do caixa da companhia. O grupo controla as distribuidoras Coelba (BA), Celpe (PE), Cosern (RN) e Elektro (SP). Em geração, a Neoenergia tem capacidade instalada de 3,7 GW, entre usinas hidrelétricas, eólicas e térmica, incluindo 10% de Belo Monte. Já na transmissão, a companhia possui 679 quilômetros de linhas em operação e outros 4,6 mil km em construção, que exigirão investimento estimado em R$ 8,8 bilhões.
A perspectiva de corte de juros no Brasil, nos EUA e na Europa foi um dos gatilhos que levaram a Bolsa às máximas históricas recentemente. Caso as reduções se concretizem, o número de investidores do País tende a aumentar, beneficiando tanto empresas já listadas - com destaque imediato para o setor de commodities e de consumo -, assim como fomenta aberturas de capital e fusões e aquisições, segundo analistas.
As taxas de juros na mínima histórica, a expectativa com a reforma da Previdência e os esforços de bancos e corretoras para atrair novos clientes levaram a Bolsa a alcançar em abril o recorde de 1 milhão de pessoas físicas cadastradas. Na comparação com abril de 2018, quando 684 mil CPFs estavam cadastrados, houve crescimento de 46%.
Os benefícios de um corte de juros são apontados também como estímulo para novas aberturas de capital que, somente neste ano, somadas às ofertas de empresas já listadas, já movimentaram R$ 8 bilhões, quase o dobro do total atingido em todo o ano de 2018. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.