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Com crédito para dar e vender, Santander lucrou R$ 5,9 bi neste ano

Lucro semestral do banco deu um salto de 27,5% no Brasil, com carteira de crédito acima do previsto por analistas

Santander:  (Itaci Batista/Estadão Conteúdo/Reprodução)

Santander: (Itaci Batista/Estadão Conteúdo/Reprodução)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 25 de julho de 2018 às 14h08.

São Paulo – O Santander se expôs mais do que a concorrência no mercado de crédito e a estratégia deu resultados acima da média do mercado – e estamos falando do já bilionário mundo dos bancos.

A instituição financeira espanhola apresentou lucro líquido de 5,884 bilhões de reais no primeiro semestre deste ano no Brasil, país que continua representando a maior fatia de ganhos do Santander, com 26% de participação. O aumento do lucro foi de 27,5% sobre o mesmo semestre do ano passado, em linha com o previsto por analistas de instituições como Goldman Sachs, Bradesco BBI, Lopes Filho e XP Investimentos e bem acima da projeção média de crescimento para o mercado, de 11%.

Este é o 18º trimestre seguido de aumento no lucro líquido da instituição, que ganhou 3,025 bilhões de reais neste trimestre e 2,859 bilhões de reais no primeiro trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido ficou em 19,5% neste tri, contra 15,8% no mesmo período de 2017. As ações do Santander, no momento, estão em alta de 6%.

Os analistas, porém, subestimaram o apetite do Santander por conceder empréstimos e financiamentos. A carteira de crédito nacional do Santander cresceu 13% na comparação entre junho de 2017 e junho de 2018, para 290,5 bilhões de reais. O valor está acima do previsto por analistas da UBS, de 9,5%.

Os destaques de crescimento no período estão na pessoa física (23%), financiamento ao consumo (22,7%) e pequenas e médias empresas (8,5%). O crédito para grandes empresas andou de lado, com alta de 0,2%. O Santander Brasil chegou a 22,6 milhões de clientes, alta de 10% na comparação semestral.

As comissões com operações de crédito ficaram em 785 milhões de reais, expansão de 5,9%. A inadimplência andou de lado, com 5,26% no primeiro semestre de 2018 (contra 5,36% no mesmo semestre do ano passado). O custo de crédito manteve-se estável em 3,2%. Com riscos controlados e maiores concessões e comissões, a margem financeira do crédito subiu de 9,4% para 10,2%, comparando-se os junhos de 2017 e 2018.

Ao mesmo tempo, as provisões cresceram 13,7% na comparação semestral, enquanto o UBS esperava 19%. A cobertura do banco está em 108,7% do crédito concedido, subindo para 219% quando se fala em inadimplência acima de 90 dias. O índice de Basileia, que mede a solvência de instituições financeiras, ficou em 14,8% - em junho de 2017, estava em 16,5%.

Sergio Rial, presidente do Santander no Brasil, afirma que a cobertura de gastos é mais do que suficiente. “Estamos pagando 20% a mais de dividendos em relação ao semestre anterior. É uma sinalização da gestão de que continuaremos nossos resultados, de que temos capital suficiente para continuar crescendo.”

Crédito para dar e vender

Rial não vê razões para o Santander deixar de ser um banco “atacante” no Brasil, com uma estratégia agressiva de crédito.

O executivo espera que o crédito continue acelerado no segundo semestre. “Enquanto a maioria dos bancos segurou o financiamento ao consumo em meio a recessão, nós continuamos”, afirma. “Não tenho razão para que nosso crescimento em crédito se desacelere, defendemos uma manutenção com viés positivo. Até porque o segundo semestre costuma ser melhor para os bancos nessa parte.”

As projeções incluem um crescimento de dois dígitos nos empréstimos e financiamentos para pequenas e médias empresas. “As grandes estão sujeitas a investimentos plurianuais e esperarão um quadro mais estável, após as eleições. Já as PMEs estão preocupadas com seu capital de giro, com seu estoque, com o momento.”

Vale lembrar uma recente reformulação do produto de cheque especial do Santander, que está com uma campanha de “10 dias sem juros” para as pessoas físicas. O presidente nacional do banco espanhol afirma que mais de 100 mil clientes usaram esses primeiros dias sem taxas – sem abrir, porém, quão significativo o valor é diante do total de usuários do cheque especial.

Caso todos esses créditos fiquem inadimplentes e vencidos, o banco continuará vendendo carteiras no mercado a “um preço justo” por meio da gestora de créditos em atraso Return Capital, da qual o Santander comprou 70% de participação, quando ainda se chamava Ipanema. Dando ou vendendo crédito, o lucro do Santander no Brasil não para de crescer.

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