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Com coronavírus no Brasil, máscaras ficam mais caras e escassas

As máscaras faciais podem não ser a melhor maneira de se proteger da transmissão da doença e lavar constantemente as mãos pode ser mais eficaz, diz a OMS

coronavírus-brasil (Pilar Olivares/Reuters)

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Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 26 de fevereiro de 2020 às 15h10.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2020 às 15h44.

Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, a preocupação com a doença vinda da Ásia aumenta. Para se proteger, muitos têm recorrido às máscaras faciais cirúrgicas. Tanto que o preço desse equipamento de proteção se multiplicou e fabricantes relatam dificuldades para atender à demanda.

Uma contraprova realizada pelo governo brasileiro confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no Brasil e na América Latina, disse uma fonte à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira (26), depois de o hospital Albert Einstein ter informado a possível infecção, em São Paulo, de um homem de 61 anos que esteve na Itália.

O balanço provisório da epidemia do novo coronavírus é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infectados, de acordo com dados divulgados por mais de 40 países e territórios.

A Protdesc, fabricante brasileira de materiais hospitalares e cirúrgicos, afirma que dobrou a produção de máscaras desde o final de janeiro, mas que mesmo assim não tem conseguido dar conta da demanda.

Atualmente, fabrica cerca de 6 mil caixas por dia, cada uma com 50 máscaras. A procura tem sido tão grande que a fila de espera atingiu 40 dias. No Brasil, a empresa atende hospitais, farmácias e lojas especializadas em materiais hospitalares e de saúde. 

No Brasil, a maior demanda até agora vinha de grande de exportadores interessados em enviar as máscaras para fora, diz César Pedro, coordenador comercial e de comunicação da Protdesc. “Com a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país, o cenário muda e a preocupação é que a produção interna não consiga suprir o mercado”, afirma.

“A nossa produção já está comprometida pelos próximos 30 a 40 dias”, diz Pedro. Segundo ele, as máscaras deverão ser importadas.

Já a 3M Brazil, outra fabricante de equipamentos como máscaras, diz que vem identificando um crescimento da demanda local de respiradores, que refletiram no aumento da produção. "A 3M Brasil não está trabalhando diretamente na exportação desses produtos para outras regiões. A empresa está avaliando diariamente a demanda do mercado para adequar sua produção", disse por e-mail.

Preço nas alturas

Com o aumento da demanda e a alta do dólar, no entanto, o preço do equipamento de segurança pode aumentar bastante. Até o dia 10 de fevereiro, o preço das máscaras faciais havia aumentado em 10 vezes, segundo a Bionexo, multinacional brasileira de soluções digitais para gestão em saúde. 

O valor médio da máscara passou de uma média de R$ 2 para R$ 20 nos primeiros dias do mês. 

Fornecedores do produto venderam em janeiro mais de 66 mil máscaras, mais que o dobro do mesmo período de 2019. Em fevereiro, em apenas 10 dias, foram mais de 24 mil unidades compradas por instituições de saúde no Brasil.

O estado que mais adquiriu o produto foi São Paulo, que representa 30% do número nacional, seguido por Rio de Janeiro, 20%. As demandas chegam de toda parte do globo e alguns fornecedores receberam pedidos de Cingapura, mas já não tinham mais estoques, diz a empresa. 

Como se proteger?

As máscaras faciais podem não ser a melhor maneira de se proteger da transmissão da doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas sem sintomas respiratórios, como tosse, não precisam usar máscara médica. 

"A OMS recomenda o uso de máscaras para pessoas com sintomas de COVID-19 e para aqueles que cuidam de indivíduos com sintomas, como tosse e febre", diz a organização em seu site.

As maneiras mais eficazes de proteger a si e aos outros contra o novo coronavírus são limpar frequentemente as mãos, cobrir a tosse com a curva do cotovelo ou tecido e manter uma distância de pelo menos um metro de pessoas tossindo ou espirrando, diz a OMS. 

Para a infectologista e virologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Nancy Bellei, a máscara cirúrgica não tem 100% de eficácia e seu uso não é recomendado no trabalho nem em ambiente externo.

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