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Com BioNovis, Hypermarcas e outras sócias terão o governo como principal cliente

Governo é responsável hoje por cerca de 60% de toda a compra de genéricos pelo país, estima nova companhia

Hypermarcas é uma das sócias da nova empresa de medicamentos biotecnológicos (Pedro Rubens/EXAME)

Hypermarcas é uma das sócias da nova empresa de medicamentos biotecnológicos (Pedro Rubens/EXAME)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 23 de março de 2012 às 17h25.

São Paulo – Resultado de uma joint-venture entre Hypermarcas, Aché, EMS e União Química, a BioNovis terá a missão de ser a primeira empresa brasileira especializada em medicamentos biotecnológicos. Cada sócio tem 25% do capital da nova empresa, que prevê investir 500 milhões de reais nos próximos cinco anos.

“Estamos criando uma empresa financiada por capital privado. Em um primeiro momento não há nenhuma participação do BNDES, apenas investimentos feitos pelos quatro sócios”, diz Odnir Finotti, presidente da BioNovis. “Acredito que o governo brasileiro encara a iniciativa com bons olhos, mas garanto que as negociações foram feitas apenas entre as sócias.”

Os produtos desenvolvidos no Brasil poderão chegar ao mercado daqui a até três anos. A empresa já tem um primeiro um pacote tecnológico para iniciar pesquisas a partir dele para o desenvolvimento de um primeiro medicamento. Em um ano o laboratório de pesquisa da companhia também deve estar pronto – mas a empresa ainda não confirmou onde ele será construído, bem como a futura fábrica.

“A fábrica será construída com base nesse produto, e deverá estar montada e certificada quando o produto estiver concluído e adaptado às exigências do mercado nacional”, diz Finotti. Em um ano o laboratório de pesquisa da companhia também deve estar pronto – mas ainda sem local de construção definido.

Depois da primeira etapa do projeto, a companhia pretende agregar novas tecnologias a produtos já existentes. “A ideia é tornar esses produtos ainda mais atrativos aos brasileiros, inclusive em relação ao preço dos produtos”, diz o presidente da BioNovis.

Entre dez produtos mais vendidos em valores da área farmacêutica hoje no mundo, cinco são medicamentos biotecnológicos atualmente, segundo o executivo. No mundo, a indústria movimenta cerca de 160 bilhões de dólares e o Brasil, 6 bilhões de dólares.

“O Brasil é completamente dependente de importações desses medicamentos, que equivalem a 46% de tudo o que é gasto pelo país em medicamentos importados hoje”, diz o executivo. “Por isso, o governo também será nosso principal comprador, já que ele é responsável hoje por cerca de 60% de toda a compra de genéricos pelo país.”


Estrutura da nova empresa

O acordo entre as empresas prevê que nenhuma das quatro sócias poderá desenvolver medicamentos biotecnológicos. Por outro lado, a BioNovis não fará nenhum produto que não seja desse tipo. “Vamos buscar tudo o que o Brasil tem de conhecimento nessa área, seja em produtos, projetos ou profissionais para agregar à companhia”, diz o executivo.

A estrutura da nova empresa está sendo formada, mas já se sabe que as diretorias não poderão ter membros de nenhuma das quatro sócias do negócio. “Se as empresas acharem que executivos podem ser liberados eles terão de se desligar primeiro para depois começar a fazer parte do quadro da BioNovis”, diz Finotti.

Além das diretorias independentes, a BioNovis contará com um conselho formado por oito pessoas, sendo que cada sócio terá direto a indicar duas pessoas e não haverá nenhum conselheiro independente.

Encontrar profissionais especializados para trabalhar na empresa será um desafio da nova companhia, que pretende buscar profissionais fora do país. “Alguns desses profissionais podem ser até brasileiros que antes tinham de buscar oportunidades de carreira nessa área apenas no exterior”, afirma o executivo. “Ter uma empresa desse segmento no país é uma oportunidade de retermos esses talentos e temos plena consciência dos desafios que nos esperam”. 

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