Salesio Nuhs, da Taurus: ele é também o presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas (Ricardo Jaeger/Exame)
Mariana Desidério
Publicado em 14 de novembro de 2019 às 13h23.
Última atualização em 14 de novembro de 2019 às 13h26.
A Taurus terá sua capacidade produtiva duplicada das atuais 400 mil unidades por ano para 800 mil no início de 2020 com a nova fábrica que inaugura nos Estados Unidos no próximo mês. A planta atenderá o mercado americano -- o maior do mundo em consumo de armas -- e canadense, mas também permitirá à empresa expandir a presença em novas regiões.
A companhia já exporta para mais de 100 países, embora os Estados Unidos respondam por 80% da receita. Essa fatia deve ser reduzida para entre 60% e 70%, mesmo com aumento do market share naquele país, disse Salesio Nuhs, presidente da Taurus, em entrevista por telefone.
“Qualquer fabricante de armas do mundo terá sempre os EUA como maior mercado”, disse. Mas a Taurus quer ser “mais agressiva” no cenário global. Faz parte dos planos, inclusive, lançar o revólver de menor custo do mundo em 2020.
Um dos novos mercados em estudo é a Índia, onde a Taurus negocia uma joint venture dentro de um programa do governo daquele país na área de defesa. O programa prevê que 51% do capital da joint venture seja propriedade de uma empresa indiana ainda não definida, que será responsável por implantar uma fábrica de armas naquele país. Os estudos devem ser concluídos no quarto trimestre, de acordo com Nuhs.
No Brasil, onde os decretos para a posse de armas foram regulamentados nesta semana, o crescimento das vendas deve ser paulatino, segundo o executivo, por questões culturais. “O Brasil, pelas suas dimensões, vai ter um crescimento, mas não será uma escalada. Tem de haver um amadurecimento cultural”, disse.
A fábrica brasileira da Taurus não tem ociosidade, segundo o Nuhs, e exporta cerca de 85% do volume produzido. Mas a demanda brasileira que surgir com os novos decretos “terá prioridade”, disse o presidente da empresa.
De janeiro a setembro deste ano, a receita líquida da companhia alcançou R$ 727,4 milhões, uma alta de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. A fabricante reverteu um prejuízo em 9 meses de 2018 para um lucro de R$ 21,3 milhões no acumulado deste ano.