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Com alta do dólar, JBS espera tirar proveito de ser global

O dólar está se fortalecendo no mundo com expectativas de que o banco central dos EUA possa elevar as taxas de juros até meados do ano que vem


	JBS: dólar mais forte frente o real ajuda a compensar alta do preço da arroba bovina no Brasil
 (Diego Giudice/Bloomberg)

JBS: dólar mais forte frente o real ajuda a compensar alta do preço da arroba bovina no Brasil (Diego Giudice/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2014 às 14h23.

São Paulo - A empresa de alimentos brasileira JBS, maior companhia global de carnes, acredita que o dólar vai continuar se valorizando frente a várias moedas no mundo, o que impactará favoravelmente os resultados da empresa, disse nesta quinta-feira o presidente da corporação, Wesley Batista, ao comentar um lucro recorde bilionário no terceiro trimestre.

Batista, filho do fundador José Batista Sobrinho, que começou a empresa a partir de um abatedouro no interior do Brasil, há aproximadamente 60 anos, explicou que hoje mais de 80 por cento da receita da JBS é dolarizada, o que permite dizer que os ganhos tendem a crescer expressivamente apenas pela conversão das vendas em dólares em reais.

"Se pegar a receita da JBS de 30 bilhões (de reais) no trimestre, calculada pelo cambio médio do trimestre de todas as operações (2,28 reais), se usar o câmbio de hoje, (a receita) teria sido de 36 ou 37 bilhões", destacou Batista, durante a apresentação dos resultados.

O dólar está se fortalecendo no mundo com expectativas de que o banco central dos EUA possa elevar as taxas de juros até meados do ano que vem, o que tornaria investimentos em território norte-americano mais atrativos.

"Então temos dito que começamos a colher os frutos da internacionalização, de ser uma companhia global", disse o executivo, cuja empresa fez sua primeira aquisição nos EUA em 2007.

Ele destacou ainda que os EUA - onde a empresa acredita ser, em receitas, a segunda maior companhia de alimentos, atrás apenas da Tyson Foods -, ficaram muito competitivos, especialmente em custo de mão de obra, enquanto os emergentes perderam competitividade.

"Produzir nos EUA hoje é barato", afirmou ele, destacando que também ajuda o fato de a economia do país estar indo "super bem".

Questionado se as exportações dos EUA não perderiam competitividade com um dólar mais forte, ele afirmou que a empresa tem a opção de se voltar para o pujante mercado interno dos EUA.

De outro lado, a empresa poderia exportar mais por meio de países cujas moedas estão se enfraquecendo, como o Brasil. A JBS tem ainda operações na Austrália, Canadá, México, Paraguai e Uruguai.

PREÇO DO BOI GORDO

Um dólar mais forte frente o real também ajuda a compensar o aumento do preço da arroba bovina no Brasil, que está em patamares recordes acima de 140 reais.

O alto custo com o boi é um desafio para repassar preços ao consumidor, admitiu ele, mas a unidade brasileira deve vender uma parte maior ao mercado externo, o que equilibra eventuais problemas.

"A tendência é que as exportações do Brasil aumentem", observou.

Atualmente, a exportação responde por 35 por cento do faturamento da unidade local.

Embora acredite em níveis sustentados da arroba bovina no médio prazo, Batista não vê espaço para alta mais expressivas no país, com uma estabilidade da oferta de gado ano que vem, enquanto nos EUA deve haver uma ligeira queda.

AQUISIÇÕES, IPO DA JBS FOODS

A divisão de processados, suínos e aves da JBS no Brasil, a JBS Foods, unidade formada após a aquisição da Seara, registrou 576 milhões de reais em Ebitda, um aumento de 31 por cento ante o segundo trimestre, destacando-se nos resultados juntamente com as unidades norte-americanas.

Entre os fatores para a importante geração de caixa na JBS Foods estão melhorias implementadas desde a conclusão da aquisição da Seara, ao final do ano passado, que passam por aumento da produtividade industrial, redução de custos administrativos e logísticos e maiores preços dos produtos vendidos, o que tem reduzido a diferença ante os valores do principal concorrente no país, disse o CEO da unidade, Gilberto Tomazoni, a investidores e analistas.

Tomazoni destacou que a empresa já superou sua meta de ganhos potenciais com a incorporação dos ativos da Seara, atingindo 1,2 bilhão de reais até o final do terceiro trimestre.

A propósito, o CEO global da companhia, Wesley Batista, reafirmou que a empresa não fará uma oferta pública inicial de ações (IPO) da JBS Foods "em momentos que o mercado está com incerteza".

No entanto, ele considera possível pensar nessa possibilidade no primeiro trimestre ou segundo trimestre do ano que vem.

Batista, que projeta que a JBS encerre o ano com relação entre dívida líquida e Ebitda perto de 2 vezes, contra um índice de 2,54 vezes ao final de setembro e de 4,03 vezes no terceiro trimestre de 2013, reiterou que a empresa deve continuar focando suas aquisições em ativos de processados, suínos e aves no Brasil, mas que não seriam de grande porte.

"Aquisição relevante, se acontecer, vai se fora (do país)", disse ele, acrescentando que não há nada em foco no momento.

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