Cnova: a empresa afirma que ex-funcionários no Brasil vinham fazendo registros incorretos de forma intencional desde 2011 (Leandro Fonseca/Exame)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2016 às 11h14.
São Paulo - A Cnova, companhia de comércio eletrônico do Grupo Pão de Açúcar (GPA) e do Casino, apresentou um impacto total de R$ 177 milhões no quarto trimestre de 2015 em razão da constatação de fraudes na gestão de estoques da empresa no Brasil.
O valor, equivalente a 47,8 milhões de euros, é o impacto combinado no Ebit (lucro antes de juros e impostos) do trimestre de uma série de ações da administração para ajustar o balanço.
Em comunicado, a Cnova afirma ainda que ex-funcionários no Brasil vinham fazendo registros incorretos de forma intencional desde 2011. Denúncias de que funcionários realizaram desvios de produtos dos centros de distribuição da Cnova levaram a uma investigação interna, anunciado pela empresa ao final de dezembro.
Em janeiro, a companhia divulgou a renúncia do então Co-CEO da Cnova e responsável pela operação brasileira, German Quiroga.
A Cnova considerou que o valor total desse impacto no Ebit está dentro da estimativa de R$ 180 milhões a R$ 200 milhões em perdas que havia sido dada ao mercado em janeiro.
As fraudes estão ligadas ao registro de equipamentos devolvidos por clientes em razão de defeitos. Segundo a Cnova informou no comunicado, a companhia tem por política enviar um produto substituto quando o cliente reporta que a mercadoria pedida não foi recebida ou foi danificada.
Segundo a empresa, as investigações internas mostraram que esse novo envio vinha sendo registrado como uma segunda venda e que as mercadorias devolvidas não constavam como tendo retornado para a Cnova Brasil.
Além do impacto no Ebit, as fraudes levaram a companhia a reduzir em R$ 110 milhões as vendas líquidas do quarto trimestre de 2015.
A empresa informou ainda que recontou os estoques em todos os centros de distribuição no Brasil e foram encontradas inconsistências ligadas à quantidade e valor de itens danificados ou retornados, os quais, segundo a companhia, representam menos de 10% do estoque total no final de 2015.
Assim, a Cnova aumentou a baixa contábil do estoque no final do período para R$ 46,8 milhões.
Já as fraudes em relatórios e na contabilidade da Cnova Brasil, que segundo a empresa ocorriam desde 2011, dizem respeito às contas a pagar.
A empresa afirmou que aumentou as contas a pagar do fim do exercício em R$ 55,3 milhões e que decidiu expandir o escopo da revisão forense e legal externa para incluir tal questão.
A Cnova informou ainda que alguns dos ajustes contábeis discutidos serão alocados em 2013 e 2014, mas não determinou ainda os valores específicos a serem atribuídos a esses períodos anteriores.