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Ciro Gomes vai ao Cade contra venda de parte da Embraer à Boeing

Ex-candidato à Presidência alegou abuso de poder econômico e disse que o negócio criará barreiras para entrada de novas empresas no setor

Ciro Gomes (Andre Coelho/Bloomberg)

Ciro Gomes (Andre Coelho/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 29 de outubro de 2019 às 21h09.

São Paulo — O ex-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) recorreu nesta terça-feira (29) ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a venda do controle da divisão de aviação comercial da Embraer à norte-americana Boeing sob alegação de abuso de poder econômico e de que o negócio entre as duas companhias criará barreiras para entrada de novas empresas no setor aeroespacial.

Ciro, que ficou na terceira posição na eleição presidencial do ano passado --atrás do agora presidente Jair Bolsonaro e do petista Fernando Haddad —, criticou duramente na campanha eleitoral da venda da Embraer à Boeing, que precisou da aprovação do governo brasileiro, já que a União poderia vetar a transação por causa de uma "golden share".

De acordo com o documento, entregue pessoalmente por Ciro ao presidente do Cade, Alexandre Barreto de Souza, a compra da brasileira pela norte-americana "inevitavelmente elevará as companhias a uma posição dominante no já concentrado mercado aeroespacial, de modo a reduzir significativamente a concorrência".

A representação, assinada pelo ex-presidenciável pedetista junto a outros sete advogados que representam o PDT e o presidente da legenda, Carlos Lupi, pede que o Cade instaure um inquérito administrativo para apurar eventuais infrações na transação entre as duas fabricantes de aeronaves.

O PDT também entrou neste mês com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a venda da Embraer para a Boeing, com pedido de liminar para suspender o negócio.

A ação do PDT cita que o negócio viola o princípio da soberania nacional e critica o não uso do poder de veto da União ao negócio por parte do governo de Bolsonaro, por ocasião da assembleia de acionistas da fabricante brasileira realizada no final de fevereiro. A própria realização da assembleia que aprovou a operação é alvo de pedido de nulidade na ação.

O relator da ação na corte, ministro Luís Roberto Barroso, deu na quinta-feira da última semana prazo de 10 dias para que o governo do presidente Jair Bolsonaro se manifeste sobre o pedido do PDT.

O acordo entre a Embraer e a Boeing foi anunciado em meados do ano passado e envolve também uma parceria das duas empresas para venda do cargueiro nacional KC-390.

Boeing e Embraer esperavam selar o negócio até o final deste ano, mas a União Europeia decidiu este mês fazer uma análise aprofundada dos impactos da operação na concorrência, estabelecendo prazo para uma decisão em 20 de fevereiro.

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