General da reserva Joaquim Silva e Luna assume a presidência da Petrobras nesta sexta-feira (16) (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Agência O Globo
Publicado em 16 de abril de 2021 às 07h53.
O Conselho de Administração da Petrobras, renovado em assembleia de acionistas na última segunda-feira, reúne-se nesta sexta-feira para o último passo do que o mercado considerou uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro na maior estatal do país: a nomeação do general da reserva Joaquim Silva e Luna para a presidência da empresa.
Luna, que foi eleito um dos sete representantes do governo no conselho — que tem 11 cadeiras — deve ser eleito presidente da estatal em substituição a Roberto Castello Branco, que foi demitido em meio à insatisfação de Bolsonaro com a política de preços de combustíveis da estatal. O executivo foi destituído formalmente na segunda-feira.
O que Luna pretende fazer com o sistema de reajuste dos preços dos combustíveis para agradar o presidente e evitar prejuízos para a companhia que desagradem aos acionistas minoritários é uma das principais dúvidas do mercado.
Mas há outros desafios à frente para o general. Confira os 5 principais :
Com a demissão de Castello Branco, quatro dos oito diretores colocaram seus cargos à disposição. O general já indicou que pretende recrutar nomes internamente
para promover uma transição suave na empresa.
Ele vai precisar de executivos para as áreas de Exploração e Produção, Desenvolvimento da Produção, Comercialização e Logística e Finanças e Relacionamento com Investidores, entre outras.
Silva e Luna também já indicou que quer o fim do home office para a diretoria. Ele próprio já despacha na sede da estatal, no Centro do Rio.
Especialistas e analistas de mercado esperam que a política de preços de combustíveis passe por alterações.
Atualmente a estatal vem acompanhando, com reajustes frequentes, as variações das cotações do petróleo no mercado internacional e do câmbio. Assim, desde janeiro, a
gasolina acumula alta de cerca de 40%; e o diesel subiu 30%, sem contar o aumento anunciado na quinta-feira.
O desafio do general será alterar essa política sem expor a empresa a grandes perdas financeiras, o que vai desagradar acionistas minoritários e penalizar o valor de mercado da companhia na Bolsa.
Quando a Petrobras anunciou a recente alta de 39% no preço do gás canalizado para as distribuidoras, o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer uma dura crítica à política de preços da Petrobras. E indicou que pode haver mudanças.
Embora a Nova Lei do Gás tenha passado pelo Congresso, e a estatal tenha assinado acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para abrir espaço para a concorrência no setor, especialistas lembram que as empresas privadas não conseguem acessar os espaços ociosos dos gasodutos, o que poderia reduzir os preços.
Hoje, mesmo com a venda de alguns gasodutos da Petrobras, a estatal tem contrato de uso dessas redes com as empresas que compraram esses ativos, e as negociações com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) não avançam.
Silva e Luna terá o desafio de manter o programa de venda de negócios para reduzir o alto endividamento da empresa, mas o plano enfrenta forte oposição dos sindicatos de petroleiros.
No fim de março, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, para o Mubadala, fundo de investimento dos Emirados Árabes. O fundo vai pagar US$ 1,65 bilhão pela unidade.
Agora, a dúvida é se a nova gestão vai manter o cronograma de venda de ativos como forma de reduzir o endividamento. A meta da estatal hoje é se desfazer entre US$ 25 bilhões e US$ 35 bilhões até 2025.
Há uma expectativa de que a nova gestão da empresa volte a fazer investimentos além do pré-sal, desenvolvendo projetos em diferentes partes do Brasil.
Atualmente, a empresa está focada no desenvolvimento dos campos de alta produtividade do pré-sal na Bacia de Santos.
Para os próximos anos, a Petrobras pretende fazer investimentos anuais entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões.