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Cimenteira do Camargo Corrêa freia para reduzir dívida

Das quatro novas fábricas que a InterCement pretendia colocar em operação, restaram apenas uma inauguração e uma ampliação


	Camargo Corrêa: total de R$ 1,2 bilhão que empresa pretendia investir em 2014 foi cortado à metade
 (Divulgação)

Camargo Corrêa: total de R$ 1,2 bilhão que empresa pretendia investir em 2014 foi cortado à metade (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 28 de julho de 2014 às 08h35.

São Paulo - A segunda maior indústria de cimento do Brasil parou para fazer as contas e se viu obrigada a pisar no freio. Das quatro novas fábricas que a InterCement pretendia colocar em operação, restaram apenas uma inauguração e uma ampliação.

O total de R$ 1,2 bilhão que a maior empresa do Grupo Camargo Corrêa pretendia investir em 2014 foi cortado à metade. Tudo para reduzir o endividamento, hoje próximo a 2,5 bilhões - acima do que empresa e o mercado consideram saudável.

Os dados mais recentes do setor de cimento e da construção civil deixam claro que a bonança vivida entre os anos de 2006 e 2012, quando as vendas de cimento tiveram crescimento médio de 8,5% ao ano, ficou para trás.

Em 2013, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic), as vendas subiram apenas 2%. Em maio deste ano, as vendas caíram 0,7% em relação ao mesmo mês de 2013 - cenário que reflete as dificuldades da construção civil. O setor registrou queda em todos os meses de 2014, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Apesar dos números nada animadores, o presidente do conselho da InterCement, José Édison Barros Franco, afirma que o esforço para melhorar as contas reflete mais uma "autoanálise" do que o cenário macroeconômico. A empresa decidiu cortar investimentos e concentrar seus esforços no alongamento do prazo de sua dívida ainda em 2013. No início deste ano, a InterCement conseguiu empréstimo de US$ 900 milhões com um "pool" de bancos, entre eles Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Depois, captou mais US$ 750 milhões com debêntures.

Fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo dizem que o escrutínio do mercado sobre o setor industrial brasileiro obrigará as empresas a cortar custos e a mostrar eficiência. O consenso é de que, no cenário atual, com expansão do PIB estimada em 1%, os investidores não consideram as projeções de crescimento futuras ao analisar esses negócios. Valem apenas os números atuais. Por isso, a ordem para reduzir dívidas é geral. "Hoje, o mercado quer ver as indústrias devendo entre 1,5 vez e 2 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações)", diz uma fonte.

Como boa parte da indústria nacional, a InterCement está distante desse patamar. Hoje, em euros, a cimenteira tem dívida de 3,3 vezes seu Ebitda. A empresa evita definir uma meta de redução do endividamento, mas diz estar comprometida em mostrar melhoras. Por isso, seguirá em marcha lenta em 2015. Segundo Franco, o investimento da empresa deve seguir bem próximo da marca de R$ 600 milhões deste ano.

Exterior

A Camargo Corrêa galgou posições no mercado de cimento após comprar a portuguesa Cimpor, em 2012. Graças à aquisição, na qual investiu 3 bilhões, o negócio dobrou de tamanho - hoje, a InterCement é vice-líder no País, atrás da Votorantim Cimentos. Desde então, 54% da receita do grupo vem de fora e a maior parte da dívida da empresa está em euros.

Com a Cimpor, a InterCement também se tornou uma companhia relevante em nível global. Ao dividir os ativos da cimenteira portuguesa com a Votorantim, o grupo ficou com fábricas em Portugal e na África, enquanto a rival ficou com mercados como Índia, China, Espanha e Turquia. Na Argentina, a InterCement é líder com a fabricante Loma Negra.

Franco diz que, em vários dos mercados da InterCement, a luta é para usar a capacidade instalada. Como a economia portuguesa patinou nos últimos anos, o consumo local de concreto despencou de 11 milhões para 3 milhões de toneladas. Para chegar ao nível atual de produção - 7 milhões de toneladas -, a empresa exporta a maior parte do cimento português.

Também há desafios na África. No Egito, a energia é barata, mas o fornecimento de combustível é inconstante. Em Angola, dificuldades regulatórias fizeram um projeto ser cancelado. Na África do Sul, a economia não ajudou, diz Franco: "O esperado efeito Copa, após 2010, não veio."

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