João Adibe Marques, CEO da Cimed: “Nós crescemos em períodos de crise no Brasil” (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de janeiro de 2025 às 10h06.
Última atualização em 26 de janeiro de 2025 às 10h07.
A Cimed encerrou 2024 com um faturamento de 3,6 bilhões de reais, um crescimento de 22%, mas abaixo da meta de 4 bilhões estabelecida para o ano. Os números auditados serão divulgados apenas em março. Segundo o CEO João Adibe Marques, o resultado foi impactado pela tentativa de aquisição da Jequiti, que não foi concluída. Apesar disso, a companhia terminou o ano com receita mensal recorde de 500 milhões de reais. “Dezembro foi o melhor mês da nossa história. Esse desempenho reflete a força do nosso portfólio e da nossa capilaridade, que nos permite estar presentes em mais de 98% das farmácias brasileiras”, diz João Adibe Marques.
Mesmo com o ajuste nas metas, a Cimed segue confiante para o futuro. A empresa estabeleceu o objetivo de atingir 5 bilhões de reais em 2025 e projeta chegar a 10 bilhões até 2030, investindo emexpansão fabril, novas categorias de produtos e soluções para transformar o mercado farmacêutico nacional. Entre os pilares da estratégia estão o fortalecimento das supermarcas, como Lavitan, Carmed e Xô Inseto, e o avanço do Foguete Amarelo, uma plataforma que oferece crédito e suporte para pequenos varejistas, setor que representa 20% do faturamento da companhia.
Além disso, a farmacêutica está atenta às oportunidades no mercado. O CEO aponta que categorias como maquiagem, perfume e cosméticos estão no radar da empresa, assim como aquisições estratégicas que complementem o portfólio.
João Adibe Marques também tem planos de entrar na corrida pelo Ozempic. Com a queda da patente em 2026, a Cimed já negocia a importação com um parceiro internacional.
Outro foco para o futuro é a construção de uma fábrica no Nordeste, com planos para fortalecer a produção em categorias como higiene e beleza, além da ampliação da unidade de Minas Gerais para dobrar a capacidade produtiva.
O CEO reforça que, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, o modelo verticalizado e os preços acessíveis da Cimed garantem resiliência e competitividade. "A Cimed sempre cresceu em crises porque estamos onde o consumidor mais precisa: em produtos acessíveis, distribuídos de forma eficiente e conectados às necessidades do mercado", diz.
Encerramos 2024 com um faturamento de 3,6 bilhões de reais, um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. Embora não tenhamos alcançado a meta de 4 bilhões, muito por conta das negociações com Jequiti, que duraram cerca de seis meses, terminamos o ano batendo recorde. Dezembro foi o melhor mês da nossa história, com 500 milhões de reais em vendas, 50% a mais do que no ano anterior. Esse desempenho reflete a força do nosso portfólio e da nossa capilaridade, que nos permite estar presentes em mais de 98% das farmácias brasileiras.
Estamos sempre de olho em oportunidades que possam complementar nosso portfólio ou fortalecer nossa posição no mercado. A Medley, por exemplo, está à venda. Outras oportunidades devem surgir. Categorias como maquiagem, perfume e cosméticos, que se conectam ao universo de saúde e bem-estar, também são possibilidades que avaliamos.
Não só. Hoje temos 150 moléculas em processo de registro. É algo que leva tempo e, enquanto isso, crescemos com as nossas supermarcas. Vamos apostar no próximo ano em Lavitan, Carmed e João e Maria.
No final de fevereiro vamos fazer um evento de três dias em São Paulo para apresentar todos os lançamentos. Vamos receber fornecedores, nosso time de vendas, parceiros e o consumidor final. A linha de cuidados infantis João e Maria será oficialmente apresentada lá. Lavitan, líder em vitaminas, vai ganhar 20 novos produtos, entre eles bebidas proteicas gaseificadas.
Essas marcas são os pilares do nosso crescimento e estão no centro da nossa estratégia para os próximos anos. Queremos dobrar a empresa apostando em categorias que já têm forte conexão com o consumidor e muito espaço para inovação.
Sim, já temos um parceiro internacional cotado. A patente cai em 2026 e vamos entrar nesse mercado. O valor deve cair uns 30% num primeiro momento. Só pensamos em produzir aqui quando houver demanda suficiente para viabilizar o negócio.
Se der certo, vai ser um movimento interessante no mercado farmacêutico. Teremos um grande player nacional concorrendo com multinacionais. Não me preocupo por que eles estão focados em grandes clientes e redes, nós miramos os pequenos. Nosso objetivo é fortalecer os pequenos varejistas, que muitas vezes enfrentam dificuldades de acesso ao mercado. Essa é a nossa estratégia: estar mais próximos, oferecer soluções personalizadas e criar valor para esse segmento que representa uma parte importante do mercado brasileiro.
Sim, o Foguete Amarelo. É uma plataforma revolucionária que começamos a pilotar no ano passado com 150 farmácias. Estamos oferecendo crédito em produtos para os pequenos varejistas, que só precisam pagar após a venda. Isso dá fôlego financeiro e resolve problemas como estoque parado ou falta de produtos nas prateleiras.
O projeto é parte do nosso compromisso com o pequeno varejo, que representa 20% do nosso faturamento. Nossa meta é chegar a 10 mil farmácias participantes até 2027.
Já vimos resultados impressionantes. Farmácias que faturavam 300 reais por mês passaram a vender 7.000 reais. Isso só é possível porque somos uma empresa verticalizada, o que nos permite oferecer essa solução de forma eficiente e escalável.
O Brasil tem desafios grandes, como juros altos e dificuldades regulatórias, mas enxergamos oportunidades mesmo nesse cenário. Em momentos de instabilidade, o consumidor busca por alternativas mais acessíveis. É aí que o nosso portfólio se destaca, especialmente em categorias como medicamentos genéricos e isentos de prescrição, que continuam sendo essenciais para os brasileiros.
A Cimed sempre cresceu em crises. Nosso modelo de negócios é resiliente, com foco em produtos acessíveis e uma cadeia verticalizada, que nos permite controlar custos e ajustar preços sem comprometer nossa operação. Nosso foco é manter preços competitivos, inovar no portfólio e fortalecer os pequenos varejistas.
Estamos ampliando nossa fábrica em Minas Gerais para dobrar a capacidade de produção e atender à crescente demanda do mercado. Essa expansão é fundamental para sustentar nosso plano de atingir 10 bilhões de reais até 2030.
Além disso, estamos em negociações para construir uma fábrica no Nordeste. A região é estratégica não só pelo mercado local, mas também pela proximidade com mercados internacionais. Essa unidade vai focar em categorias como higiene e beleza, além de fortalecer nossa operação verticalizada.
Não temos planos de vender uma fatia da empresa agora. Nosso foco está em continuar crescendo e investindo no mercado brasileiro, que ainda tem muito potencial a ser explorado.