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"Cielo está passando por um momento difícil", diz presidente do BB

O BB também estuda as formas de tornar a sua gestora, a BBDTVM, uma companhia global. Neste momento, está em curso a discussão de valores

Rubem Novaes, do BB: além da saída na NeoEnergia, IRB e banco na Flórida, o próximo passo será uma redução na participação do Banco BV (antigo Votorantim) que deve fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) (Amanda Perobelli/Reuters)

Rubem Novaes, do BB: além da saída na NeoEnergia, IRB e banco na Flórida, o próximo passo será uma redução na participação do Banco BV (antigo Votorantim) que deve fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) (Amanda Perobelli/Reuters)

NF

Natália Flach

Publicado em 29 de janeiro de 2020 às 19h21.

Última atualização em 30 de janeiro de 2020 às 09h48.

São Paulo - "A Cielo está em um momento difícil, e estamos estudando formas de fortalecer a companhia em comum acordo com os outros sócios." A frase do presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, foi proferida em um momento em que a maior credenciadora do país - que tem como sócios majoritários o BB e o Bradesco - viu o seu lucro cair pela metade. No ano passado, o lucro líquido chegou a 1,58 bilhão de reais, uma queda de 49,7% em relação ao lucro do ano anterior.

Os números levaram os sócios majoritários a assinar um memorando de entendimento com a credenciadora de cartões em que se comprometem a ajudar a Cielo. O contrato se refere à taxa que a Cielo paga pela intermediação e captura de novos clientes, bem como pela manutenção dos varejistas. Cerca de 70% do volume transacionado pela Cielo vem dos bancos controladores.

"A dependência (para a credenciadora) de uma rede de distribuição é forte, mas isso não impede examinar novos arranjos e sociedades, mas isso são coisas prematuras. Mas não necessariamente faremos novas parcerias. Estamos avaliando", afirmou Novaes, nesta quarta-feira (29), durante evento do Credit Suisse, em São Paulo.

O BB também está estudando as formas de tornar a sua gestora, que tem 1 trilhão de reais sob gestão, uma companhia global. Novaes disse que está em andamento "o processo competitivo para a escolha do parceiro". "Como achamos que precisamos ter uma dimensão mundial, criamos uma régua que o candidato a parceiro tem que ter mais de 400 milhões de dólares sob administração. Neste momento, estamos em processo de discussão de valores", afirmou.

O movimento da BBDTVM, a gestora do banco, é muito parecido com o que aconteceu a área de investment banking do BB. Em setembro do ano passado, o BB fez uma parceria com o UBS, cujo todo "vale mais do que as partes separadas". A nova empresa - que ainda não tem nome - entrará em operação em junho ou no segundo semestre, segundo Novaes. A parceria será controlada pelo UBS com participação de 50,01% na associação, enquanto o Banco do Brasil terá o restante.

Além disso, o BB tem procurado se desfazer de ativos que não têm a ver com a "nave mãe". É o caso da NeoEnergia e do IRB. "Naquilo que tem sinergia vamos aumentar participação de parceiros, por joint venture e inserção de novos sócios."

Novaes disse ainda que a tendência é manter a melhora de resultados, mas não será, pois "vamos pagar mais tributos (referindo-se à Contribuição sobre o Lucro Líquido), a queda de juros atrapalha a questão de tarifas e temos mais concorrentes como fintechs tentando bicar as margens dos bancos. Por outro lado, temos perspectiva de melhoria da economia com crescimento na ordem de 2%, podendo chegar a 3%. Isso melhora a demanda e a qualidade do crédito".

Privatização

Novaes acredita que dois bancos públicos são suficientes no Brasil: a Caixa Econômica Federal, voltada para a questão social, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, orientado para o desenvolvimento. "Daí o BB estaria liberado para a privatização. Mas existe resistência das pessoas", acrescentou.

Não precisaria ser algo abrupto, segundo ele, poderia ser criada uma 'corporation', o que liberaria todas as amarras. Mas isso é uma decisão política. "Todos sabem que eu sou favorável, mas o presidente (Jair Bolsonaro) é contra. Sou favorável, mas isso não vai acontecer no curto prazo."

Só que isso pode mudar. "Acho que com um tempo a classe política vai entender que a Caixa e o BNDES podem suprir a necessidade. Há muito receio de que a privatização poderia deixar o setor rural na mão. Nenhuma administração abriria mão que é o maior ativo que temos."

Além da saída na NeoEnergia, IRB e banco na Flórida, o próximo será uma redução na participação do Banco BV (antigo Votorantim) que deve fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). "Vamos sair de um pedaço, é importante para eles terem uma oxigenação que a abertura para o mercado dá a qualquer instituição. Esperamos que seja um sucesso. O BB vai sair do BV na mesma proporção dos outros sócios."

Segundo Novaes, por muito tempo o BB contou com uma reserva de mercado, com folha de pagamento de empresas e como depósito de processos judiciais, mas que não existe mais. Já o ônus são as contratações, marketing e patrocínios que ficam amarrados, além da forte presença do Tribunal de Contas da União (TCU). "O BB tem todos os ônus e perdeu todos os bônus."

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