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Cias. aéreas dos EUA avançam após Brasil abrir mercado

Embora tenham começado a reagir com mais força à atuação agressiva das estrangeiras, as empresas brasileiras têm ficado para trás


	De olho nessa demanda, a American Airlines é a companhia que tem puxado para cima a oferta de voos desde a assinatura do acordo de "céus abertos"
 (Tom Pennington/Getty Images)

De olho nessa demanda, a American Airlines é a companhia que tem puxado para cima a oferta de voos desde a assinatura do acordo de "céus abertos" (Tom Pennington/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2013 às 07h45.

Rio de Janeiro - A liberalização do mercado de voos entre o Brasil e os Estados Unidos pelo acordo de "céus abertos" firmado em 2010 está abrindo caminho para o avanço das companhias aéreas americanas no País.

Embora tenham começado a reagir com mais força à atuação agressiva das estrangeiras, as empresas brasileiras têm ficado para trás.

De setembro de 2011 - um mês antes do início da liberalização - para cá, as companhias nacionais ampliaram em 26% as frequências nessas rotas, ante uma alta de 32,6% por parte das americanas.

Em números absolutos, a diferença é maior. As companhias brasileiras acrescentaram 18 voos por semana nessas rotas, menos da metade do crescimento das internacionais.

Antes do acordo, havia um limite de 154 operações semanais para cada país. Agora, com frequências adicionais autorizadas em 2011 e 2012, as americanas já mantêm 179 voos por semana entre os dois países.

A TAM e a Gol, que começaram a voar para os Estados Unidos no fim do ano passado, têm apenas 69 frequências semanais, nem metade do permitido antes dos "céus abertos", conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base nas informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A abertura total do mercado está prevista para 2015.

Para especialistas, com a liberalização, o País desistiu de ter companhias aéreas fortes internacionalmente, mas garantiu que haja oferta de voos em rotas em que existe forte demanda, caso do corredor Brasil- Estados Unidos.

Isso evita que os preços subam. "Liberalizar é uma decisão política do governo, que adota discurso protecionista, mas, na prática, é liberal. Com isso, estamos abrindo mão da indústria de empresas aéreas", diz o professor Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ.

Nos últimos anos, a Anac vem atuando para abrir o mercado. Em 2009, acabou com o piso para o preço das passagens aéreas em voos internacionais de longa distância, medida que, na época, contrariou a TAM, única brasileira que voava para fora da América do Sul. Na região, as tarifas já estavam liberadas desde 2008.


Uma sinalização contrária, porém, foi dada recentemente pelo governo Dilma Rousseff. Com um acordo de "céus abertos" praticamente acertado com a União Europeia desde 2011, o País voltou atrás e decidiu não assiná-lo. A justificativa foi evitar uma concorrência maior das europeias, que são mais competitivas que as aéreas brasileiras.

Um dos fatores que dão mais força às concorrentes americanas e europeias é a escala. O consultor Nelson Riet, ex-diretor da Varig, explica que as rotas entre a América do Sul e América do Norte representam uma pequena parte do mercado da American Airlines, enquanto têm um peso maior para a TAM frente ao total de suas operações. "Isso significa que a American Airlines aguenta perder dinheiro nesse mercado por muito mais tempo que a TAM", diz.

Segundo ele, os custos mais elevados para o setor no País também jogam a competitividade das empresas brasileiras para baixo. "Nosso custo em relação ao americano é muito maior. Temos que trabalhar com um preço de passagem no limite", explica Riet.

O principal motivo do interesse das empresas americanas e nacionais nesse mercado está na forte procura dos brasileiros por viagens para os Estados Unidos. Com o dólar mais barato nos últimos anos, ficou mais em conta, em alguns casos, viajar para Miami do que para o Nordeste.

Nem mesmo a alta da moeda americana no ano passado desencorajou os brasileiros a viajar para o exterior. De acordo com dados do Banco Central, em 2012, os brasileiros gastaram US$ 3,9 bilhões em passagens nas companhias aéreas estrangeiras, ante R$ 3,7 bilhões em 2011. "Mesmo com o dólar mais alto (que em 2011), a viagem para o exterior está mais barata que dentro do Brasil", afirma Fernandes, da UFRJ.


American Airlines

De olho nessa demanda, a American Airlines é a companhia que tem puxado para cima a oferta de voos desde a assinatura do acordo de "céus abertos". Graças às 56 frequências extras para fora do eixo Rio-São Paulo liberadas nos últimos dois anos, a companhia conseguiu ampliar o número de voos para 102 por semana.

Com a eliminação das barreiras, o plano da companhia é seguir crescendo no País, afirma o diretor da American Airlines no Brasil, Dilson Verçosa Jr. Mesmo com o processo de recuperação judicial em curso nos Estados Unidos, a American seguiu adiante com uma forte expansão nos voos para o Brasil. Hoje, a companhia voa para São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Manaus. O plano é alcançar mais dois destinos este ano com voos diários: Porto Alegre e Curitiba. Com isso, a empresa terá voos em todas as regiões do País.

"O céus abertos, que entra em vigor plenamente em 2015, é uma nova dimensão. O Brasil ainda está no início dessa era da aviação comercial. Há muito para crescer em vários lugares em que operamos e até em outras localidades em que não estamos", avalia Verçosa Jr. Outras empresas americanas também estão apostando no País, como Delta Airlines, United Airlines e US Airways.

As companhias nacionais não ficaram paradas. A TAM ganhou força com a associação com a chilena LAN na Latam e a Gol também está demonstrando maior apetite pelo mercado. A empresa controlada pela família Constantino arrumou um meio de entrar nesse segmento sem comprar aviões com mais autonomia: faz uma parada em São Domingos, na República Dominicana, para levar passageiros do Rio e São Paulo à Flórida.

"Identificamos uma grande demanda de clientes para os EUA e, com foco neste mercado, já tivemos sucesso com as operações exclusivas aos clientes Smiles", disse, por e-mail, o diretor comercial da Gol, Eduardo Bernardes, sobre os primeiros voos, vendidos apenas para os passageiros membros do programa de fidelidade da Gol.

Procurada, a TAM disse, em nota, que concorda com a política de "céus abertos" e acrescentou que a fusão com a LAN foi a forma encontrada para atuar nesse ambiente mais competitivo.

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