Negócios

Chiquita Brands desiste de fusão e conversa com brasileiros

A produtora americana de bananas desistiu da fusão com a Fyffes e inicia negociações com Cutrale e Safra


	Bananas da Chiquita Brands International a venda em uma loja
 (David Paul Morris/Bloomberg)

Bananas da Chiquita Brands International a venda em uma loja (David Paul Morris/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2014 às 17h44.

Nova York - A produtora americana de bananas Chiquita Brands International anunciou nesta sexta-feira que desistiu da fusão com a importadora e distribuidora irlandesa de frutas exóticas Fyffes, depois uma votação negativa de seus acionistas durante uma assembleia-geral extraordinária.

Com isso, o grupo bananeiro vai iniciar negociações com os grupos brasileiros Cutrale e Safra, que na véspera haviam apresentado uma nova oferta de compra.

A Cutrale e o Safra, dos milionários José Luís Cutrale e Joseph Safra, propuseram 14,50 dólares em dinheiro por cada ação da Chiquita, em um valor total de 680,9 milhões de dólares, segundo um comunicado conjunto. Nesse preço, o bônus fica em torno de 14% em relação ao fechamento de quarta-feira.

Reunidos em assembleia em Charlotte (Carolina do Norte), os acionistas da Chiquita deram um duro golpe na diretoria da empresa, que recomendava a aprovação da fusão com a empresa irlandesa.

"Considerados os resultados (da votação), decidimos pôr fim ao acordo com a Fyffes e iniciar (as negociações) com os grupos Cutrale e Safra no que concerne a sua nova proposta", ressaltou o diretor-geral da Chiquita, Edward Lonergan, citado no comunicado.

A Chiquita, contudo, advertiu que não ainda não se reuniu com a Cutrale e com o Safra e que "não há garantia de que uma transação resulte das negociações".

Segundo o projeto original de fusão que avaliava a Chiquita em 526 milhões de dólares, em caso de rompimento do contrato, o grupo americano teria que pagar uma indenização à Fyffes. O pagamento foi fixado em 3,5% do valor da Chiquita.

Sem acordo

Os dois empresários brasileiros podem contar com um apoio de peso: o do estudo da assessoria em investimento Institutional Shareholder Services (ISS), que considerou a oferta brasileira "mais interessante".

A fusão Chiquita-Fyffes daria origem à maior comercializadora de bananas do mundo, com uma fatia de 18,7% do mercado mundial.

Um dos aspectos mais importantes da transação era o que permitia ao grupo americano estabelecer sua sede na Irlanda para se beneficiar de uma carga fiscal menor.

O governo de Barack Obama anunciou recentemente uma série de medidas para complicar o exílio fiscal das multinacionais americanas, muitas vezes tentadas a retirar suas sedes do país para escapar da carga tributária nos Estados Unidos.

Sob pressão da Cutrale e do Safra, a Chiquita e a Fyffes já tinham alterado seu projeto de fusão no final de setembro.

A Cutrale é uma produtora de frutas conhecida pelo suco de laranja, com o controle de um terço do mercado mundial, estimado em 5 bilhões de dólares.

O Grupo Safra gerencia uma carteira de 200 bilhões de dólares no mundo. Seu fundador, Joseph Safra, é proprietário dos bancos Safra National Bank of New York, Banco Safra do Brasil e Bank of Jacob Safra, na Suíça.

Além disso, tem investimentos no setor imobiliário e possui propriedades agrícolas.

Acompanhe tudo sobre:Banco SafraCutraleEmpresasFusões e Aquisições

Mais de Negócios

Eles criaram um negócio milionário para médicos que odeiam a burocracia

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA

Catarinense mira R$ 32 milhões na Black Friday com cadeiras que aliviam suas dores

Startups no Brasil: menos glamour e mais trabalho na era da inteligência artificial