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Chip cerebral para restaurar fala recebe autorização para testes em humanos

Tecnologia da Paradromics usa centenas de eletrodos para captar sinais neuronais e transformar intenção de fala em texto ou voz sintetizada

Chips: dispositivo cerebral para síntese de fala começa a ser testado com voluntários (Narumon Bowonkitwanchai/Getty Images)

Chips: dispositivo cerebral para síntese de fala começa a ser testado com voluntários (Narumon Bowonkitwanchai/Getty Images)

Publicado em 23 de novembro de 2025 às 06h00.

A Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos, autorizou o início dos testes em humanos de um chip cerebral desenvolvido pela Paradromics para restaurar a fala.

Chamado Connexus, o dispositivo é uma interface cérebro-computador (BCI) criada para uso médico de longo prazo e construída para processar grandes volumes de dados neurais.

De acordo com o New Atlas, a tecnologia é destinada a auxiliar pessoas paralisadas a se comunicar por meio de voz sintetizada, texto ou controle de computadores.

A startup afirma que o Connexus é a primeira BCI totalmente implantável com alta taxa de transmissão de dados projetada para fornecer desempenho elevado ao usuário.

O objetivo é captar sinais cerebrais associados à fala e convertê-los em linguagem compreensível, permitindo que pacientes expressem pensamentos sem a necessidade de movimentos físicos.

Como funciona o ensaio clínico

O Connexus é fabricado com metais de grau médico e usa uma estrutura de titânio combinada a mais de 400 eletrodos de platina-irídio. Esses eletrodos, com cerca de 40 micrômetros — mais finos que um fio de cabelo — serão posicionados próximos aos neurônios para registrar grande quantidade de sinais no córtex motor.

O implante será colocado por procedimento cirúrgico envolvendo o cérebro e o tórax do paciente. A BCI conta com três componentes principais: o módulo cortical inserido sob o crânio, um cabo de extensão subcutâneo e um transceptor implantado no tórax. O transceptor externo se comunica com o sistema por conexão óptica e recebe energia por carregamento indutivo, semelhante ao carregamento sem fio de smartphones.

Segundo a empresa, os sinais coletados são enviados para um computador portátil equipado com modelos avançados de linguagem e inteligência artificial (IA). O sistema interpretará a atividade neural e converterá os padrões registrados em texto exibido na tela ou em fala sintetizada, além de permitir controle de dispositivos digitais.

Primeiros testes

Os testes iniciais envolverão apenas duas pessoas. Cada voluntário receberá a interface de 7,5 mm implantada 1,5 mm dentro do cérebro, com eletrodos localizados na região responsável pelo controle dos lábios, da língua e da laringe. Durante o ensaio, os participantes irão imaginar frases, e o sistema analisará os padrões neurais correspondentes aos sons que desejam pronunciar. As gravações antigas de voz dos voluntários servirão como base para criar uma voz sintética personalizada.

A pesquisa publicada na revista científica Nature aponta que esta será a primeira vez que uma BCI tentará gerar fala sintetizada em tempo real a partir de sinais coletados diretamente do cérebro. O estudo também avaliará a capacidade do chip de detectar movimentos imaginados das mãos, possibilitando que o paciente use o cursor de um computador.

Se a fase inicial mostrar bons resultados, o ensaio clínico será ampliado para até 10 participantes. Nesse estágio, dois voluntários poderão testar a implantação de dois dispositivos simultaneamente, aumentando o volume de sinais neurais captados.

A Paradromics, sediada em Austin, no Texas, tem se destacado no desenvolvimento de dispositivos neurais. A empresa também é a primeira startup a obter uma autorização de Investigational Device Exemption (IDE) para testar uma BCI totalmente implantável com foco na restauração da fala.

Acompanhe tudo sobre:ChipsFDA

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