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Chinesa CCCC quer comprar participação da Malha Sul, da Rumo

A empresa também negocia a entrada no consórcio que quer construir a Ferrogrão, ferrovia de quase mil quilômetros de trilhos e R$ 8 bilhões de investimentos

Ferrovia: o apetite da gigante chinesa no Brasil não se restringe à Malha Sul (foto/Thinkstock)

Ferrovia: o apetite da gigante chinesa no Brasil não se restringe à Malha Sul (foto/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 14h12.

São Paulo - Depois de adquirir a Concremat Engenharia e o projeto portuário de São Luís, no Maranhão, a gigante chinesa CCCC mira o setor ferroviário.

A empresa negocia a compra de participação na Malha Sul, concessão de 7.208 quilômetros (km) que hoje está nas mãos da Rumo (ex-ALL), do grupo Cosan. Fontes ligadas ao grupo afirmaram que a companhia asiática tem planos de ficar com uma fatia de 55% a 60% da malha, mas não descarta ser acionista minoritário, uma vez que a Rumo não quer abrir mão do controle, apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

Para fechar o negócio, um exército de profissionais da CCCC está trabalhando num processo de "due diligence" (auditoria) para avaliar as necessidades de investimentos na infraestrutura, que engloba os três Estados da região Sul. A proposta inicial envolve um aporte de R$ 2 bilhões e investimentos da ordem de R$ 6 bilhões num período de dez anos.

Mas não se trata de uma negociação fácil. A chinesa, que no Brasil é representada pelo Banco Modal, tem concorrência de peso na disputa pela concessão ferroviária. No páreo, estão as japonesas Mitsubishi e Sumitomo, de acordo com pessoas familiarizadas com as negociações.

Todas as três empresas estão conversando separadamente com a Rumo, que está sendo assessorada pelo Bank of America Merrill Lynch. Além disso, a venda de participação da ferrovia estaria atrelada ao processo de renovação da concessão da Malha Paulista.

Trata-se de um trecho de 2.039 km dentro do Estado de São Paulo, cuja concessão vencerá em 2028. Se o governo aceitar, a Rumo continuaria a administrar a ferrovia por mais 30 anos e, em troca, investiria quase R$ 5 bilhões. As empresas interessadas na Malha Sul entendem que, se houver a prorrogação do trecho paulista, as demais também seriam autorizadas. Sem a renovação, a compra de participação na ferrovia não se viabiliza no momento.

Um dos motivos é a necessidade de investimentos para recuperar a infraestrutura da malha, que é alta. Segundo fontes, não há tempo para recuperação do capital injetado na ferrovia se não houver prorrogação. Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT), mostram que de 2006 para cá, a movimentação de cargas na Rumo Malha Sul caiu de 28,9 mil toneladas úteis para 18,3 mil.

Fontes afirmaram que, mesmo com os investimentos, alguns trechos da ferrovias não deverão ser retomados por causa da viabilidade econômica. Nem todos os ramais têm movimentação com rentabilidade. Desde o começo do ano, por exemplo, a Rumo desativou o transporte de carga que vai para a Argentina.

No radar

O apetite da gigante chinesa no Brasil não se restringe à Malha Sul. A empresa também negocia a entrada no consórcio que quer construir a Ferrogrão, uma ferrovia de quase mil quilômetros de trilhos e R$ 8 bilhões de investimentos.

O projeto, idealizado por grandes produtores, como Maggi, ADM, Bunge, Cargill e Dreyfus, está em fase de audiências públicas e depois deverá ser encaminhado ao Tribunal de Contas da União (TCU). As ferrovias Norte Sul, Oeste Leste e Transnordestina também estão no radar da chinesa.

Apesar de ter R$ 40 bilhões para investir em infraestrutura, a empresa chinesa estreou no mercado brasileiro com um negócio considerado modesto. Em novembro do ano passado, a companhia comprou 80% da construtora Concremat Engenharia, por R$ 350 milhões. Em abril deste ano, fechou acordo para comprar uma participação no porto de São Luis, no Maranhão, que está sendo feito em parceria com a construtora Wtorre.

A CCCC, cujo faturamento global é US$ 60 bilhões por ano, vai fazer um aporte de R$ 1,7 bilhão no projeto. Procurados, Rumo, CCCC, Modal, Mitsubishi e Bofa não comentaram. A Sumitomo não retornou os pedidos de entrevista.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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