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Chilli Beans está perto de voltar 100% às mãos do fundador

Fundo controlado por Arminio Fraga, que possui 30% da fabricante de óculos, deve fechar negócio com Caito Maia nas próximas semanas

Caíto Maia, estilista e dono da Chilli Beans: empresa já foi case de estudos de Harvard (Germano Lüders/Exame)

Caíto Maia, estilista e dono da Chilli Beans: empresa já foi case de estudos de Harvard (Germano Lüders/Exame)

AJ

André Jankavski

Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 16h13.

Última atualização em 9 de janeiro de 2019 às 19h09.

A fabricante de óculos Chilli Beans deve voltar a ter apenas um dono. O fundo Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, está próximo de vender a sua fatia de quase 30% para Caito Maia, fundador e presidente da empresa. Maia deve exercer a opção de recompra fechada em 2012, ano em que o Gávea comprou a participação.

Procurados, Gávea e Chilli Beans não quiseram comentar o assunto. Por mensagem, Maia afirmou que terá novidades nas próximas duas semanas.

Nos últimos meses, o Gávea vinha escutando fundos interessados em sua fatia. EXAME apurou que houve três propostas de fundos pela participação. A proposta que mais agradou foi do fundo Treecorp, que tinha interesse em comprar uma fatia maior do que os 30%. Maia, no entanto, decidiu se manter no controle.

O valor e a forma de pagamento foram, nas palavras de uma pessoa próxima à negociação, um negócio de “pai para filho”. O prazo para que Maia pague a operação é estimado em cinco anos.

O Gávea vai deixar a empresa após seis anos. De lá para cá, a Chilli Beans saiu de um faturamento de 369 milhões de reais para 620 milhões. Em número de lojas cresceu 55%, para 850 unidades no Brasil e no exterior. Segundo a empresa de pesquisas Euromonitor, a marca é a vice-líder do mercado brasileiro de óculos com cerca de 22,3% de participação.

A Chilli Beans já foi case de estudos da Universidade Harvard em três momentos. Em todos eles, Maia foi palestrar para uma plateia de alunos e professores de MBA sobre o estilo inovador que fez da empresa não só um grande varejista como um ícone de estilo. Ele começou o negócio trazendo óculos na bagagem em viagens ao exterior e sempre combinou o trabalho de gestor com o de pesquisador de tendências. A empresa organiza, por exemplo, festas para seus funcionários e parceiros em navios de cruzeiro que se parecem muito pouco às caretas comemorações corporativas.

Nos últimos anos, a Chilli Beans vem sofrendo com a depreciação do real frente ao dólar. Cerca de 80% de seus produtos são importados da China, especialmente os óculos escuros, carro chefe da empresa. E o salto da moeda americana de 3,23 reais para 3,90 afetou as margens. A saída escolhida foi pelo mar – a empresa deixou de lado as importações por avião e preferiu a trazer seus produtos de navio.

A decisão ajudou a economizar 30% nos gastos com transporte – um dos mais relevantes nas contas da Chilli Beans. O desconto foi repassado para os consumidores.

Essa estratégia está sendo fundamental para a empresa bater as suas metas de fechar 2018 com crescimento de 11% — mas tira da Chilli Beans parte de seu diferencial inovador. Para passar pela crise, a companhia precisou focar na rentabilidade, e abrir mão de parte da agilidade que fez sua fama. De volta 100% às mãos de seu fundador, a Chilli Beans terá o desafio de equilibrar resultados com a irreverência que a fez chegar tão longe.

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