Negócios

ChatGPT, inflação alta e risco geopolítico: as soluções dos CEOs para lidar com os desafios de 2023

Estudo da consultoria McKinsey perguntou a um grupo seleto de executivos quais tendências teriam máximo impacto no jeito de liderar as empresas

Jorge Cardoso e Marcelo Vidigal: executivos discutem principais desafios e oportunidades para estabelecer um papel estratégico de governança (PM Images/Getty Images)

Jorge Cardoso e Marcelo Vidigal: executivos discutem principais desafios e oportunidades para estabelecer um papel estratégico de governança (PM Images/Getty Images)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 25 de maio de 2023 às 12h06.

Última atualização em 29 de junho de 2023 às 17h42.

ChatGPT, crise econômica global e batalhas geopolíticas, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. Essa combinação representa o que está no radar de quem comanda as maiores empresas do mundo em 2023.

Um estudo da consultoria McKinsey perguntou a um grupo selecionado de CEOs quais tendências teriam máximo impacto no jeito de liderar as empresas em 2023, com cada um escolhendo três de uma dezena de opções. Três opções lideraram com alguma folga: disrupção digital, economia e geopolítica. 

Diante das respostas, a McKinsey perguntou quais seriam as formas de lidar com essas três tendências e os desafios que elas impõem. Não é pouca coisa. A Microsoft, do mega empresário Bill Gates, anunciou um investimento de vários anos na OpenAI, criadora do ChatGPT. Uma fonte familiarizada com o acordo anunciado em janeiro, colocou o valor do acerto em US$ 10 bilhões. Para tentar tirar o atraso, a  Alphabet, dona do Google, lançou o robô Bard, que funciona de maneira similar. 

Ações para lidar com a disrupção digital

Uma resposta escrita por um dos executivos resume, segundo a McKinsey, a visão sobre o tema: “O CEO também tem que ser o principal arquiteto de tecnologia. Pense que a equipe executiva – e não apenas o diretor digital – deve ser responsável pela estratégia de tecnologia da empresa. Pois há coisas demais em jogo.”

Desenvolver análises avançadas:

Essa foi uma das respostas de 62% dos CEOs. Alavancar a advanced analytics é considerado essencial para obter vantagem competitiva. Um exemplo é a fabricante de bebidas Diageo, que por meio de análise de dados de geolocalização tem personalizado o conteúdo e o contato com os consumidores e já tem obtido aumento de 17% do retorno dos investimentos em mídia.

Aumentar a segurança cibernética:

O tema foi assinalado 48% das vezes como um dos fatores de atenção. Dados da consultoria Statisa mostram que em 2028 que os custos com cybersegurança devem somar US$ 13,8 trilhões, dado o aumento dos crimes cibernéticos contra empresas. No caso do Brasil, o país é um dos cinco com mais ocorrências.

Automatizar o trabalho:

Em 45% das respostas essa foi a escolha dos executivos. O objetivo é reduzir etapas e ganhar eficiência. O grupo varejista Walmart utilizou a automação em alguns centros de distribuição de comércio eletrônico para cortar pela metade o número de etapas envolvidas na remessa de produtos, por exemplo. 

Ações para lidar com o risco de inflação elevada e retração econômica

Estar atento para reduzir custos e proteger o balanço é essencial. Uma pesquisa da McKinsey mostra que empresas que tiveram desempenho superior ao de seus pares durante a crise de 2008 haviam reduzido os custos operacionais em 1% antes da retração, enquanto as demais haviam expandido seus custos pelo mesmo percentual. As empresas de melhor desempenho também haviam reduzido seu endividamento em $1 para cada $1 de valor contábil do capital antes da crise.

"É preciso agir o quanto antes para reduzir os custos e proteger o balanço patrimonial, assegurando assim que a empresa estará mais forte e mais enxuta quando a economia começar a melhorar"
”, respondeu um dos CEOs entrevistados.

Cortar despesas operacionais (76%): 

Um exemplo disso é a eliminação de mais de 100 mil empregos do setor de tecnologia em 2023. O setor de tecnologia já eliminou mais de 100.000 empregos em 2023. Para além dos cortes, outras alavancas estão sendo adotadas como renegociações com a cadeia de suprimentos, otimização dos impostos, adiamento de gastos de capital, políticas de despesas mais rígidas e aumento da produtividade dos funcionários.

Redesenhar produtos e serviços (61%):

Investimentos pontuais em melhoria de produtos e/ou serviços pode atrair mais receita. É o que têm feito algumas companhias de consumo, como a Shiseido, de beleza, que reformulou parte do portfólio.

Reavaliar as premissas estratégicas e econômicas (54%).

Os CEOs reveem suas estratégias continuamente. Como disse um entrevistado da pesquisa, “agilidade é tudo e manter-se ágil e adaptável é fundamental”. Assim, companhias ajustam estartégias de reajustes de preços para acompanhar a pressão inflacionária.

Ações para lidar com a escalada de riscos geopolíticos

A percepção dos executivos é de que a globalização está mudando, mas não desaparecendo. Então é preciso se adaptar a essa nova dinâmica na relação com China e Rússia e ter estratégias certeiras para o ganho de importância do continente africano na economia global.

Tornar o compliance mais robusto (65%):

Muitas empresas estão construindo organizações de compliance comercial e aperfeiçoando o modo como selecionam cada cliente e cada firma, observa a McKinsey. "Embora esta seja uma postura defensiva para a maioria, para outras é uma oportunidade."

Criar resiliência nas redes de fornecedores (62%):

A pandemia da covid-19 deixou lições como a importância de não poder haver dependência de apenas poucos fornecedores e manter uma cadeia de insumos muito distante. Por isso, uma das metas dos CEOs em 2023 é melhorar continuamente a resiliência nessa área. Um exemplo é uma fala recente do CEO da Apple, Tim Cook: “Construímos nossos produtos em vários lugares. Existem componentes vindos de muitos países diferentes do mundo, e a montagem final ocorre em três deles – e isso apenas para o iPhone. […] Continuaremos a otimizá-lo ao longo do tempo e a modificá-lo para torná-lo melhor.”

Investir na capacidade monitorar e reagir (56%):

"Líderes de sucesso sabem que bons indicadores de alerta precoce e a capacidade de agir rapidamente durante uma crise podem transformar ameaças em oportunidades", escreve a McKinsey.  No estudo, a consultoria traz o exemplo da Equinor. A maior empresa de energia da Noruega ao realizar uma avaliação de ameaças, decidiu aumentar seu estado de alerta, visto que a produção de energia da plataforma continental norueguesa é crucial para a segurança energética da Europa.

Acompanhe tudo sobre:Melhores e Maiores

Mais de Negócios

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo