Negócios

CEOs negros dos EUA comentam protestos contra racismo

Diretores de empresas falam sobre suas próprias origens e relatam experiências dolorosas de discriminação em meio a protestos contra racismo nos EUA

Kenneth Frazier, CEO da Merck (Chris Goodney/Bloomberg)

Kenneth Frazier, CEO da Merck (Chris Goodney/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 3 de junho de 2020 às 13h00.

Alguns dos líderes empresariais negros mais proeminentes dos Estados Unidos têm avaliado publicamente os protestos que assolam o país. Ao relatar as próprias experiências, clamam por união e buscam tranquilizar funcionários.

Diretores-presidentes de empresas como Tapestry e Merck não são os primeiros executivos de destaque a comentar o assunto. Mas, ao chamar a atenção para suas próprias origens e relatar experiências dolorosas de discriminação, acrescentam suas vozes ao chamado de empresas dos EUA que pedem união e calma.

Jide Zeitlin, CEO da Tapestry, dona das marcas Coach e Kate Spade, escreveu sobre as próprias experiências quando tinha 20 e poucos anos em um post no site do LinkedIn. Ele se lembra quando viajou para a África do Sul racialmente dividida, depois que terminou a faculdade de administração para defender mineiros negros desprivilegiados. Uma semana após sua chegada, teve o primeiro contato com gás lacrimogêneo e balas de borracha. As lições, escreveu, valeram para toda a vida.

“Podemos substituir nossas janelas e bolsas, mas não podemos trazer de volta George Floyd, Ahmaud Arbery, Breonna Taylor, Eric Garner, Trayvon Martin, Emmett Till e muitos outros”, escreveu Zeitlin. “Cada uma dessas vidas negras importa.”

Ken Frazier, diretor-presidente da farmacêutica Merck, disse em entrevista à CNBC, que os protestos foram desencadeados pela resposta tardia de autoridades públicas ao assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis em 25 de maio.

“O que a comunidade afro-americana vê nesse vídeo é que esse afro-americano, que poderia ser eu ou qualquer outro afro-americano, está sendo tratado como menos que humano”, disse Frazier, acrescentando que a prisão do policial demorou quatro dias.

"Tratamento desumano"

“O que a comunidade viu foi - até que foram às ruas - que esse policial, muito menos os outros policiais, não seria preso pelo tratamento claramente desumano de um cidadão”, disse.

Marvin Ellison, CEO da Lowe’s, escreveu sobre crescer no sul segregado dos EUA e a opressão do sistema de castas racial a que sua família estava sujeita. Ele pediu união contra o racismo e o ódio.

“Tenho um entendimento pessoal do medo e da frustração que muitos de vocês estão sentindo”, escreveu Ellison em post no Twitter. “Para superar os desafios que todos enfrentamos, precisamos usar nossas vozes e exigir que a ignorância e o racismo cheguem ao fim.”

O baixo número de executivos negros que expressam suas opiniões sobre o assunto à frente das maiores empresas americanas chama a atenção para a realidade de que apenas 1% dos CEOs de companhias no índice S&P 500 são negros e que houve pouco avanço nos últimos anos.

No S&P 500, diretores afro-americanos também representavam apenas 1% de membros do conselho, e 37% dos conselhos não tinham um executivo negro, de acordo com análise realizada no ano passado pela revista Black Enterprise.

“Nem todo mundo pode ser CEO, com certeza, mas por que esse grupo de pessoas, que consistentemente tem bom desempenho, não recebe a oportunidade?”, disse Karen Boykin-Towns, vice-presidente do conselho nacional de diretores da associação NAACP e assessora sênior da empresa de relações públicas Sard Verbinnen & Co.

Acompanhe tudo sobre:BloombergDiversidadePresidentes de empresaProtestosRacismo

Mais de Negócios

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação

A ALLOS é pioneira em sustentabilidade de shoppings no Brasil

Os segredos da Electrolux para conquistar a preferência dos brasileiros há quase um século

Você já usou algo desta empresa gaúcha que faz R$ 690 milhões — mas nunca ouviu falar dela