Home office: CEOs culpam trabalho remoto por queda de vendas e lucros menores (wenjin chen/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 5 de agosto de 2022 às 16h40.
Última atualização em 8 de agosto de 2022 às 14h53.
Clima, guerra, taxas de câmbio voláteis — as empresas há muito culpam fatores além de seu controle pela redução dos lucros e desaceleração das vendas. O novo bode expiatório é o trabalho remoto.
A rede americana de lanchonetes Shake Shack disse na quinta-feira que o ritmo de retorno aos escritórios em cidades como Nova York estagnou no último trimestre, fazendo com que o crescimento das vendas da empresa ficassem atrás das previsões de Wall Street. Suas ações chegaram a registar a maior queda desde os primeiros dias da pandemia.
A cadeia de hambúrgueres de primeira linha não está sozinha — uma análise das recentes teleconferências de balanços mostra empresas de todos os tipos atribuindo desempenho medíocre à lenta taxa de retorno aos escritórios. Isso inclui empresas financeiras, de consumo e até seguradoras.
A Clorox, fabricante de lenços desinfetantes e alvejantes cujas vendas dispararam durante a pandemia, disse que “baixas taxas de ocupação de escritórios” prejudicaram a demanda por seus produtos comerciais de limpeza. A Kimberly-Clark, que fabrica lenços e papel higiênico para banheiros de escritórios, também sofreu, levando o CEO Michael Hsu a dizer: “Acho que toda essa demanda de escritórios não vai voltar tão rápido.”
As mesas de trabalho podem não ficar cheias por um bom tempo. A ocupação média de escritórios em dez grandes áreas metropolitanas dos EUA foi de 44% na semana encerrada em 27 de julho, segundo dados da empresa de segurança Kastle Systems. A porcentagem está consistentemente abaixo desse nível em grandes centros de escritórios como Nova York e São Francisco.
Nicholas Bloom, um professor de economia da Universidade de Stanford que conduz uma pesquisa mensal sobre os padrões de trabalho em casa, descobriu que as cidades estão experimentando um efeito “rosca”, onde os distritos comerciais centrais ficam vazios enquanto os bairros residenciais ao redor da cidade ficam mais cheios.
Os trabalhadores de escritório médios da cidade de Nova York pretendem reduzir seu tempo em suas mesas em quase metade e cortar os gastos anuais na cidade em US$ 6.730, estima Bloom, ante US$ 12.561 estimados antes da pandemia.
Raj Choudhury, um professor da Harvard Business School, que também estuda trabalho remoto, espera que esses padrões continuem, o que se traduz em menos pedidos de ShackBurgers duplos, batatas fritas e milkshakes.
A Shake Shack disse que o movimento na hora do almoço ainda está “bem abaixo” dos níveis de 2019 em cidades como Nova York, onde caiu 40%. Questionado sobre quando isso pode se recuperar, o CEO Randy Garutti simplesmente deu de ombros.
(Matthew Boyle da Bloomberg)
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