Negócios

CEOs adotam tendência do 'sleepmaxxing' da Geração Z para alcançar sucesso nos negócios

Mercado global do sono pode superar a marca de US$ 150 bilhões até 2034, com o crescente consumo de produtos que auxiliam as pessoas na hora de dormir

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 21 de julho de 2025 às 16h34.

Última atualização em 22 de julho de 2025 às 14h00.

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Nos últimos tempos, a ideia de empresários e CEOs se orgulharem de viver com apenas três horas de sono e doses de medicamentos se tornou obsoleta. Peter Barsoom, CEO e fundador da marca de produtos a base de cannabis 1906, já foi um desses executivos no passado.

Durante os 20 anos em que atuou no setor financeiro, o empresário costumava dormir depois da meia-noite, acordar às 4h30, e realizar atividades como ciclismo ou natação antes de chegar ao trabalho às 7h30, como contou em entrevista ao site Fortune.

"Dormir era algo que você fazia quando se aposentava. Mas, minha perspectiva sobre isso evoluiu completamente", disse. Agora, ele garante que dorme entre seis e oito horas por noite, e recorre ao aplicativo Calm para ouvir histórias de sono.

No entanto, Barsoom não está sozinho nesse processo de mudança. O mercado global de sono já ultrapassa os US$ 500 bilhões, com consumidores investindo em diversos produtos, como anéis inteligentes, máscaras de dormir e colchões de até US$ 20.000. Com a ascensão de tecnologias do sono e a tendência de "sleepmaxxing" — que se refere à busca pela otimização da qualidade do sono por meio de diversas práticas e produtos —, o descanso tornou-se uma prioridade de bem-estar e um símbolo de status, especialmente entre executivos.

Como o sono virou uma estratégia de Sucesso para CEOs?

Daniel Ramsey, CEO da companhia MyOutDesk, que oferece soluções de recrutamento virtual, já foi atraído pela romantização da "correria", uma mentalidade que costumava dominar Wall Street. Nesse pensamento, a ideia era que o sucesso só poderia ser alcançado sacrificando o descanso, como exemplificado por Jack Dorsey, cofundador do Twitter, que supostamente dormia apenas quatro horas por noite, e Elon Musk, que já afirmou ter dormido em seu escritório.

"As pessoas agora sabem que essa não é a maneira de ter sucesso a longo prazo", afirmou Ramsey à Fortune.

Embora as demandas profissionais continuem altas, Ramsey, agora com 47 anos, monitora o seu sono e dedica-se a desconectar a mente à noite.

“Quero liderar pessoas, não microgerenciá-las. Prefiro ouvir sobre problemas quando surgem e não fazer julgamentos precipitados. Com foco no sono, na longevidade e na saúde, os desafios de liderança se tornam mais fáceis.”

Arianna Huffington, CEO da Thrive, uma empresa focada em soluções digitais para a saúde mental, descreve seu ritual noturno como "sagrado". Ela opta por deixar o celular fora do quarto, beber chá de camomila ou lavanda e ler um livro.

Tom Pickett, CEO da Headspace, plataforma de saúde mental, também monitora o sono, vendo isso como uma forma de preparar o corpo e a mente para os desafios do dia seguinte. “Considero a preparação para o sono como um treino ou uma reunião de diretoria. Quando o sono vai mal, todo o resto também compromete", explicou.

Até Jeff Bezos, fundador da Amazon, já defendeu os benefícios de uma boa noite de sono. "Durmo 8 horas, priorizo isso... Penso melhor. Tenho mais energia", afirmou em um evento. “Como executivo, o que se espera de você são decisões de qualidade.”

Segundo Wendy Troxel, cientista do sono na RAND Corporation e autora de "Sharing the Covers" ("Compartilhando as Capas", em tradução livre), desde o início dos anos 2000, as atitudes de grandes executivos em relação ao sono mudaram significativamente.

“Nos primeiros anos da minha carreira, tive que convencer as pessoas sobre a importância do sono. Era visto como tempo perdido. Hoje, se você deseja ser um profissional de alto desempenho, o sono precisa ser parte do seu regime de performance."

No entanto, Wendy observa que, para muitos desses profissionais, o sono continua sendo uma grande dificuldade. Esse é um dos principais fatores que impulsionam a economia do sono.

Economia do sono chega a US$ 500 bilhões

Usar um anel de monitoramento da saúde durante um almoço parece estar se tornando tão desejável para executivos quanto um relógio de luxo. O anel OURA, por exemplo, que custa a partir de US$ 300 e vem com uma assinatura mensal, já foi adquirido por mais de 2,5 milhões de pessoas.

“Há muita informação disponível que pode realmente ajudar você a otimizar seu sono e melhorar sua performance”, disse Daniel Ramsey. "Descobri que quanto melhor eu durmo, melhor sou como líder, empreendedor... e até como pai."

O mercado global do sono está avaliado em mais de US$ 500 bilhões, e as estimativas indicam que o segmento de produtos auxiliares para o sono deverá superar os US$ 150 bilhões até 2034. De acordo com um levantamento da Global Wellness Institute, o setor também tem sido impactado pelo crescimento do turismo do sono e da inteligência artificial aplicada ao bem-estar.

Arianna Huffington, que começou a priorizar o sono após um colapso por exaustão no início de sua carreira, também usa o anel OURA e viaja com uma máscara de dormir e fita crepe preta para bloquear luzes de hotéis. Já a CEO de bem-estar Kayla Barnes investiu mais de US$ 11.000 em um colchão orgânico e mais de US$ 10.000 em persianas blackout de luxo.

Ramsey, que adota uma rotina rigorosa para o sono, chegou a gastar dezenas de milhares de dólares com equipamentos como uma cama Sleep Number de US$ 20.000.

Apesar de muitas dessas práticas serem associadas a executivos de meia-idade, a Geração Z também está priorizando o descanso. Os chamados "sleepfluencers" estão surgindo entre jovens que buscam otimizar suas noites de sono, com dicas nas redes sociais sobre coquetéis sem álcool para dormir e playlists relaxantes.

Amrita Bhasin, de 24 anos, CEO da Sotira, startup de desenvolvimento de IAs para logística reversa, investe cerca de US$ 150 por mês em produtos para melhorar o sono, como cortinas blackout e máscaras de dormir. Ela afirma que "a era dos programas de TV do Vale do Silício, com caras dormindo em colchões de ar no escritório, ficou para trás". Para ela, hackathons, que exigem noites sem dormir, não fazem parte de uma estratégia de longo prazo.

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