A Qatar exerce grande influência na indústria por causa de suas participações em outras companhias aéreas importantes, incluindo a IAG, controladora da British Airways (Nicolas Economou/NurPhoto/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 31 de maio de 2021 às 19h15.
Última atualização em 31 de maio de 2021 às 21h35.
O diretor-presidente da Qatar Airways, Akbar Al Baker, ameaçou parar de receber entregas de jatos da Airbus neste ano por causa de um “sério” desacordo não especificado, um alerta que pode prejudicar os planos de recuperação da fabricante de aviões.
“Se não formos capazes de resolver esse sério problema que temos com eles, nos recusaremos a receber qualquer aeronave”, disse o CEO em entrevista à Bloomberg TV. Desentendimentos com a Qatar Airways, alertou Al Baker, causarão “um estresse na relação da Airbus com a IAG, com a LatAm, com outras companhias aéreas nas quais temos participação acionária”.
Que tal viajar mais no mundo pós-pandemia? Conheça o curso de liberdade financeira da EXAME Academy
A causa do desacordo? “Infelizmente, não posso dizer qual é esse problema”, disse Al Baker.
A Airbus também não disse. Um porta-voz da empresa com sede em Blagnac, na França, afirmou que está em negociações constantes com os clientes sobre suas necessidades e que os detalhes dessas discussões são “confidenciais”.
A Qatar Airways está entre os clientes mais importantes da Airbus, especialmente porque a fabricante avalia competir com a rival americana Boeing no segmento de cargueiros. É uma posição que tem permitido a Al Baker pressionar a Airbus, como ameaçar cancelar pedidos, atrasar entregas e até acusar a empresa de ser incapaz de fabricar aviões.
O CEO da companhia aérea criticou anteriormente os jatos A380 gigantes da Airbus, alegando ineficiência e custo operacional. No entanto, o executivo disse à Bloomberg TV que esse assunto não é o motivo da recente disputa. Al Baker disse em janeiro que apenas metade de seus dez jatos A380 retomaria os voos depois de permanecer aterrada em 2020.
A Qatar exerce grande influência na indústria por causa de suas participações em outras companhias aéreas importantes, incluindo a IAG, controladora da British Airways.
A disputa com a Qatar surge quando a Airbus busca aumentar a fabricação de jatos para ajudar a se recuperar da pandemia de covid-19, que paralisou grande parte das viagens aéreas globais. A empresa disse na semana passada que busca aumentar a produção de jatos da série A320, que lideram as vendas, acima dos níveis pré-pandemia dentro de dois anos, o que trouxe otimismo ao setor.
A Qatar se apoiou em sua frota diversificada para continuar voando durante a pandemia e espera atender mais de 140 destinos em meados do verão no Hemisfério Norte. Aviões menores permitiram que as operadoras voassem com menos passageiros durante a pandemia. A empresa também incluiu novas rotas à sua lista, como Seattle e São Francisco.
Seguir voando não saiu barato. Al Baker disse que a companhia aérea aceitou 3 bilhões de dólares em apoio do governo do Catar desde o início da pandemia. A operadora estatal recebeu o primeiro auxílio após as perdas ultrapassarem 50% do capital social no ano passado.
A Qatar Airways espera receber aviões da Airbus e Boeing neste ano, disse Al Baker, após uma campanha para adiar as entregas de ambas as empresas no ano passado.
Al Baker também disse que a aérea, que tem sede em Doha, será o cliente de lançamento do 777x da Boeing em 2023, voltando atrás nos comentários feitos na semana passada negando a informação. A Qatar Airways encomendou 60 unidades do novo modelo, que está sendo promovido como o “maior e mais eficiente jato bimotor do mundo”.
Quer saber tudo sobre companhias aéreas? Assine a EXAME.