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CEO da Huawei adota tom desafiador diante de sanções de Trump

A proibição barra a expansão da maior fornecedora mundial de equipamentos de rede e segunda maior fabricante de smartphones

Huawei: celulares com sistema Android têm problemas determinação dos EUA (Bloomberg/Bloomberg)

Huawei: celulares com sistema Android têm problemas determinação dos EUA (Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2019 às 06h00.

Última atualização em 28 de maio de 2019 às 11h11.

O fundador da Huawei Technologies, Ren Zhengfei, adotou um tom desafiador diante das sanções dos Estados Unidos que ameaçam a sobrevivência de sua empresa.

Em entrevista à Bloomberg Television, o bilionário fundador da maior empresa de tecnologia da China admitiu que as restrições da administração Trump sobre as exportações da Huawei vão afetar a liderança de dois anos que a empresa construiu meticulosamente sobre concorrentes como Ericsson e Nokia. Mas a empresa planeja ou aumentar sua própria oferta de chips ou encontrar alternativas para manter sua vantagem no mercado de smartphones e tecnologia 5G.

Em 17 de maio, os EUA incluíram a Huawei em sua lista negra - acusando a empresa de ajudar Pequim em práticas de espionagem - e baniu o grupo chinês de importar programas e componentes americanos necessários para a fabricação de seus produtos. A proibição barra a expansão da maior fornecedora mundial de equipamentos de rede e segunda maior fabricante de smartphones, justo quando se preparava para fazer parte da vanguarda da tecnologia global.

Ren afirma que a Huawei tem capacidade de criar suas próprias soluções - é questão de tempo. A empresa vem desenvolvendo os próprios chips há anos, que agora usa em muitos de seus próprios smartphones. Está até desenvolvendo seu próprio software operacional para ser executado celulares e servidores. O CEO, no entanto, se esquivou de perguntas sobre a rapidez com a qual a Huawei poderia substituir os componentes com fabricação própria. Não atingir o objetivo poderia afetar a divisão de consumo, em rápido crescimento, e até mesmo minar novas iniciativas, como seus servidores em nuvem.

Ren, que em questão de meses passou de empresário recluso a especialista em mídia, atualmente trava uma batalha para salvar a empresa de US$ 100 bilhões que fundou. O bilionário, de 74 anos, saiu da reclusão virtual após a prisão da filha mais velha e diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, resultado de uma investigação mais ampla contra a empresa.

Na semana passada, Trump disse que a Huawei poderia ser incluída em um acordo de comércio entre EUA e China, despertando rumores de que a empresa estaria sendo usada como moeda de barganha nas negociações. Mas Ren disse que não é político. "É uma grande piada", zombou. "Qual é nossa relação com o comércio entre China e EUA?".

Se Trump ligar, “vou ignorá-lo, então com quem ele poderá negociar? Se me ligar, talvez não atenda. Mas ele não tem meu número."

Na verdade, Ren não atacou Trump, a quem havia chamado de "um grande presidente" há apenas alguns meses. "Vejo seus tuítes e acho ridículo, porque são contraditórios", brincou. "Como ele se tornou um mestre da arte do acordo?".

Pequim tem opções. Alguns especulam que a China poderia retaliar contra o banimento da Huawei - que pode ser ampliado e incluir algumas das mais promissoras empresas de inteligência artificial -, barrando grandes empresas dos Estados Unidos em seus próprios mercados. A Apple poderia perder quase um terço de seu lucro se a China proibisse seus produtos, segundo estimativas de analistas do Goldman Sachs.

Ren disse que seria contra qualquer ação contra sua concorrente americana.

“Primeiro, isso não vai acontecer. E, se acontecer, serei o primeiro a protestar”, disse Ren durante a entrevista. “A Apple é minha professora, está na liderança. Como estudante, por que iria contra meu professor? Nunca."

Sobre as acusações de Trump de que a empresa estaria ajudando Pequim em práticas de espionagem, Ren responde: “Roubei as tecnologias americanas do amanhã. Os EUA nem sequer têm essas tecnologias”, disse. "Estamos à frente dos EUA. Se estivéssemos atrás, não haveria necessidade de Trump nos atacar tenazmente."

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