Jim Farley: CEO da Ford cobra mais apoio a treinamento e inovação nos EUA (Bill Pugliano/Getty Images)
Repórter
Publicado em 2 de outubro de 2025 às 12h01.
O CEO da Ford, Jim Farley, fez um apelo na terça-feira, 30, para que empresas e governo dos Estados Unidos aumentem investimentos em setores industriais considerados essenciais, como manufatura, construção e logística.
Segundo ele, o país está “muito atrás” de rivais como a China e precisa de uma estratégia mais coesa para não perder competitividade global.
O alerta foi dado durante o evento Ford Pro Accelerate Summit, realizado em Detroit. Farley afirmou que a falta de mão de obra qualificada e a queda de produtividade ameaçam a espinha dorsal da economia americana.
“É bastante humilhante ver onde estamos com nossa economia essencial e com a forma como a sociedade reconhece a importância desses empregos", disse o CEO.
A governadora de Michigan, Gretchen Whitmer, também participou do encontro. Ela afirmou que os Estados Unidos ainda lideram a indústria, mas alertou que o país não pode baixar a guarda. Sem investimentos, disse, a China "vai dominar", com impacto devastador sobre empregos e competitividade.
“Se não levarmos isso a sério, perderemos empregos bem remunerados, liderança intelectual e espaço em quase todas as frentes”, disse, citando o impacto já observado na Europa.
O executivo relatou ter visitado países como China, Japão e Coreia do Sul, onde observou investimentos maciços em capacitação e programas de aprendizado técnico. Nessas economias, destacou, empregos em setores de base são valorizados, transformam vidas e contam com forte apoio governamental.
Nos EUA, Farley vê uma desvalorização histórica desses trabalhos, de técnicos a operários, o que gerou escassez de profissionais e estagnação de produtividade. Ele defende mais parcerias com escolas, sindicatos e organizações comunitárias.
Farley citou brevemente o governo de Donald Trump, dizendo que é possível concordar ou discordar de suas políticas, mas questionou como elas se encaixam na chamada "economia essencial". Para ele, tarifas e mudanças regulatórias podem agravar a falta de trabalhadores se não vierem acompanhadas de políticas robustas de qualificação.
Farley anunciou que a Ford está mapeando a falta de técnicos em escala global e ampliando parcerias para recrutar e treinar novos profissionais. O objetivo é criar rotas sustentáveis para carreiras industriais, inspiradas em modelos de países como Alemanha e Japão.