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CEO busca soluções extremas ante chance de divisão do HSBC

Diante das demandas de capital e da apatia da economia, Stuart Gulliver está enfrenta pedidos para dividir o HSBC após ter dito que a rentabilidade será menor

Stuart Gulliver, CEO do HSBC: Gulliver também está tendo dificuldades para conter um escândalo de sonegação de impostos no banco (Jerome Favre/Bloomberg/Bloomberg)

Stuart Gulliver, CEO do HSBC: Gulliver também está tendo dificuldades para conter um escândalo de sonegação de impostos no banco (Jerome Favre/Bloomberg/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2015 às 17h49.

Londres - O CEO do HSBC Holdings Plc, Stuart Gulliver, diante das crescentes demandas de capital e da apatia da economia mundial, está enfrentando pedidos para dividir o maior banco da Europa depois de ter dito que a rentabilidade será menor.

Gulliver, que também está tendo dificuldades para conter um escândalo de sonegação de impostos no banco privado do HSBC que, segundo ele, “desonrou” a companhia, informou resultados para 2014 que ficaram abaixo das estimativas dos analistas e provocaram uma queda de quase 5 por cento nas ações na segunda-feira em Londres.

O CEO disse que partes das áreas de investment bank e algumas divisões nacionais não dão retornos suficientes e poderiam enfrentar “soluções extremas”.

Na segunda-feira, ele mencionou o Brasil, o México, a Turquia e os EUA como possíveis mercados para vendas, entre os 74 países onde o HSBC opera.

O banco possui mais de 250.000 funcionários, mesmo depois de ter saído de 77 empresas e de ter eliminado 50.000 postos de trabalho em quatro anos sob o comando de Gulliver.

O HSBC é o maior banco da Europa em termos de valor de mercado, o que o expõe a um escrutínio regulatório mais estrito.

“A solução mais óbvia é desmembrar o banco, pois tudo indica que ele é grande demais para administrar”, disse Ed Firth, analista em Londres da Macquarie Group Ltd. em Londres. “É difícil lidar com os números”.

Meta de rentabilidade

“Não existem vacas sagradas”, disse Gulliver em uma teleconferência. “Ainda estamos caminhando para simplificar a firma. Eu não descarto que venhamos a realizar mais vendas”, disse ele, acrescentando que não concorda que o banco seja grande demais para administrar e que ainda acredita no modelo universal de atividades bancárias.

O retorno sobre as ações, um indicador de rentabilidade, caiu de 9,2 por cento para 7,3 por cento em 2014. O HSBC disse que está esperando que o indicador exceda 10 por cento, na comparação com a faixa de 12 por cento a 15 por cento estipulada em 2011, quando Gulliver assumiu o cargo de CEO.

“Buscar um retorno de 10 por cento sobre as ações dificilmente poderia ser considerado uma liderança do mercado, não é?”, disse Firth, da Macquarie.

A relação custo-benefício do banco – uma medida dos custos em relação à receita – deu um salto de 67 por cento no ano passado, frente a 60 por cento em 2013. A receita ajustada permaneceu praticamente inalterada em US$ 62 bilhões em 2014 em relação ao ano anterior.

Embora tenha sede em Londres, o HSBC continua gerando a maior parte de sua renda na Ásia e se tornou um gigante no mercado emergente em décadas de negociações, como a aquisição do Midland Bank no Reino Unido e do Marine Midland Bank nos EUA.

A expansão só foi interrompida pela crise financeira e pelos maiores requisitos de capital e regulações resultantes dela.

Venda de ativos

“Se quiserem se desfazer de ativos nos EUA, no Brasil, no México e na Turquia, o mercado vai recebê-los bem, pois eles poderiam aliviar os custos e as cargas de capital”, disse Sandy Chen, analista da Cenkos Securities, em Londres.

“Grande parte das atividades bancárias e dos mercados do HSBC provavelmente não deem retorno sobre os obstáculos de ativos ponderados pelos riscos”, disse ele, referindo-se à unidade que abriga o investment bank.

Reguladores mundiais já endureceram as regras para os maiores credores. O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB), o regulador internacional conduzido pelo presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, propôs no ano passado que os maiores bancos sejam obrigados a ter dívida subordinada e outras obrigações capazes de absorver prejuízos equivalentes a até um quinto dos ativos ponderados pelos riscos.

A norma, que visa não responsabilizar os contribuintes se os credores falharem, seria aplicada à lista elaborada pelo FSB dos 30 bancos do mundo sistemicamente importantes, em que o HSBC e o JPMorgan Chase Co. aparecem como os mais relevantes.

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