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Cemig quer comprar de usinas eólicas e solares em contratos de 20 anos

Movimento visa ampliar volume de energia da empresa para atender clientes no mercado livre de eletricidade, após vencimento de concessões de hidrelétricas

Cemig: o leilão de elétrica terá regras parecidas com licitações promovidas pelo governo para viabilizar novos empreendimentos de geração (Cemig/Facebook/Divulgação)

Cemig: o leilão de elétrica terá regras parecidas com licitações promovidas pelo governo para viabilizar novos empreendimentos de geração (Cemig/Facebook/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 16 de abril de 2018 às 20h21.

São Paulo - A elétrica mineira Cemig quer comprar a produção futura de usinas eólicas e solares por meio de um leilão em formato inédito, que oferecerá aos empreendedores contratos para a venda da geração por um período de 20 anos a partir de 2022, disse à Reuters um executivo da companhia nesta segunda-feira.

O movimento visa ampliar o volume de energia da empresa para atender clientes no mercado livre de eletricidade, após o vencimento de concessões de quatro grandes hidrelétricas da estatal no final do ano passado e com o fim de alguns de seus contratos de compra de eletricidade nos próximos anos.

No chamado mercado livre, geradores e comercializadoras de energia negociam contratos entre si ou diretamente com grandes clientes, como indústrias e shoppings centers.

"Para construir uma usina, eu teria que fazer um investimento grande agora para ter energia disponível em 2022. Agora, se compro energia para revenda, já não preciso fazer desembolso agora, só lá na frente, e isso permite à gente manter nossa participação no mercado livre. E, dependendo do resultado do leilão, até ampliar", disse o superintendente de Compra e Venda de Energia no Atacado da Cemig, Marcos Aurélio Junior.

Agendado para 16 de maio, o leilão da Cemig terá regras parecidas com licitações promovidas pelo governo para viabilizar novos empreendimentos de geração, nas quais as compradoras da produção das usinas são o conjunto das distribuidoras de eletricidade do país.

"A gente procurou fazer algo bem parecido porque sabemos que o contrato do governo é um contrato que o empreendedor gosta... é um contrato longo, que dá o conforto necessário para o investidor recuperar seus investimentos. Porque o mercado livre, em geral, tem essa característica de que os contratos não são longos", explicou o executivo.

Ele disse que a Cemig não divulgará quanto em energia pretende comprar no leilão, o que também dependerá dos preços oferecidos pelos vendedores.

A tarifa máxima a ser praticada pelos projetos será divulgada pela empresa no dia da concorrência, apenas para os competidores habilitados.

Nos leilões do governo, os custos dos novos projetos de usinas eólicas e solares têm alcançado valores cada vez menores. O último certame, o chamado "A-4", em abril, contratou cerca de 800 megawatts em empreendimentos aos menores preços já vistos.

"Posso garantir, até pela publicidade que estamos dando a esse processo, que não será uma coisa pequena. Mas também vai depender... se os preços vierem no patamar do último A-4 pode, sim, ser um volume expressivo", disse Aurélio, ao ser questionado sobre o montante a ser negociado no leilão.

"Um leilão desse tipo no mercado livre é uma coisa até inédita... claro que isso é uma estratégia de comercialização da Cemig, mas também ajuda na expansão do sistema para atender ao crescimento do mercado livre, e com duas fontes que estão se mostrando bastante competitivas", adicionou o superintendente.

Ele disse que a Cemig possui uma participação de cerca de 20 por cento no mercado livre de eletricidade.

Regras

Poderão participar do leilão da Cemig apenas projetos eólicos e solares que chegaram a ser habilitados pelo governo a participar do último leilão A-4, realizado no início do mês.

A Cemig poderá comprar até 100 por cento da energia dos empreendimentos, de acordo com o perfil de produção das usinas, em contratos de 20 anos com início em janeiro de 2022 e correção pela inflação (IPCA).

Eventuais antecipações dos projetos poderão ser negociadas entre as partes, e mesmo usinas que venderam parte da produção no leilão A-4 poderão entrar na concorrência.

"Quem vendeu, mas não comprometeu toda energia da usina com o leilão do governo, pode participar também... se ele já vendeu no leilão, ou quiser vender para outro comprador, a gente dá essa flexibilidade. Não necessariamente tem que vender tudo para a Cemig", afirmou Aurélio.

Para se proteger contra eventuais riscos de os projetos que venderam energia não serem viabilizados, o leilão terá uma regra que obriga os investidores a entregar em determinado prazo uma série de documentos que atestem a viabilidade dos projetos e o andamento de sua execução.

Além disso, será pedido um aporte de garantias junto aos participantes, que poderão ser executadas pela Cemig em caso de problemas nos empreendimentos.

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