Rio Xingu, onde deve ser construída a usina de Belo Monte: Cemig se aliou com a Light para entrar no consórcio (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2011 às 14h12.
São Paulo - A Cemig espera um retorno de 10 por cento do investimento que realizará na usina hidrelétrica de Belo Monte, por meio da Amazônia Energia, empresa formada com a Light que entrou no bloco societário da usina.
"O retorno vai ficar ao redor dos 10 por cento... É um retorno que hoje, se olharmos os projetos que vem sendo construídos e propostos nos últimos anos, é bastante atrativo. Somente a usina de Santo Antônio tem valores superiores", disse o diretor de Finanças da Cemig, Luiz Fernando Rolla, em teleconferência com jornalistas nesta quarta-feira.
A Cemig e a Light anunciaram na noite de terça-feira que fecharam a compra de uma participação de 9,77 por cento na Norte Energia, responsável pela usina hidrelétrica de Belo Monte (PA), por meio de uma nova empresa , a Amazônia Energia.
Rolla acrescentou que a inclusão do projeto na linha de financiamento PSI (Programa de Sustentação do Investimento), do BNDES, foi fator importante garantir a atratividade do projeto.
O valor do PSI para Belo Monte seria de 3,7 bilhões de reais, com prazo de 30 anos, e possibilidade de cobrir 85 por cento de itens financiáveis.
"Essa parcela do financiamento foi um fator bastante decisivo no cálculo do retorno, o que portanto nos convenceu de que o projeto é bastante atrativo para nós e que fazia sentido do ponto de vista econômico", disse Rolla.
A Norte Energia já recebeu empréstimo-ponte do BNDES, mas aguarda a aprovação do empréstimo de longo prazo, que poderá cobrir até 80 por cento do investimento total.
No passado, a Cemig chegou a descartar a entrada no projeto, que hoje está orçado em 25,8 bilhões de reais, por julgar que não seria atrativo para a companhia.
"No primeiro momento, as avaliações que fizemos não foram suficientes para aprovar no Conselho de Administração... Mas as mudanças nos permitiram uma condição mais estruturada. Temos toda a convicção de que será um projeto extremamente atrativo", disse o diretor.
Entre os fatores que colaboraram para entrada da empresa no projeto estão a liberação da licença ambiental de instalação, a nova estrutura societária, o empréstimo ponte já liberado e que pode ser renovado, e o fato de os principais contratos de construção e fornecimento para a obra já terem sido assinados.
A usina hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, terá 11.233 megawatts (MW) de capacidade instalada e 4.571 MW médios de energia assegurada.
O empreendimento vendeu 70 por cento da energia no leilão realizado em abril de 2010. Outros 20 por cento da energia da usina irão para o mercado livre e 10 por cento é a parcela destinada ao autoprodutor.
O preço médio da energia de Belo Monte é de 100 reais por megawatt-hora (MWh), segundo Rolla. Este valor considera o total da energia comercializada -- mercado regulado, mercado livre e autoprodução.
INVESTIMENTO A Amazônia Energia terá que aportar um equity (capital) estimado de cerca de 600 milhões de reais no empreendimento, ao longo de seis anos, o que não pesará nos fluxos de caixa da Light e da Cemig, garantiu Rolla.
O desembolso inicial será de 20 por cento, caindo para 6 por cento em 2012. Em 2013, o desembolso sobe para 20 por cento e chega ao ponto máximo em 2014, quando será de 23 por cento. Em 2015 e 2016, os desembolsos serão de 20 por cento e 11 por cento, respectivamente.
Segundo o executivo da Cemig, nem a empresa nem a Light sofrerão pressão no caixa com o investimento em Belo Monte e a política de pagamento de dividendos das empresas está garantida.
"Tanto para Light como Cemig, vamos ter um fluxo de caixa mais previsível e isso nos garante recursos para continuar investindo no setor de geração", disse.
O diretor de Finanças da Light, João Batista Zolini, acrescentou que a companhia terá um impacto "mínimo" no fluxo de caixa como consequência do investimento em Belo Monte, de 3 por cento a 7 por cento.