Mumbai - Mukesh Ambani desbancou Li Ka-shing e se tornou o segundo homem mais rico da Ásia porque investidores apoiaram seus esforços para munir os pobres da Índia de telefones baratos carregados de dados. Alguns analistas estão começando a prestar atenção nos custos de sua meta.
O presidente da Reliance Industries adicionou US$ 12,5 bilhões a seu patrimônio neste ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, porque as ações de sua empresa, que abarca do refino às telecomunicações, atingiram um recorde.
O motor dessa alta é otimismo de que um novo telefone de US$ 23, lançado no mês passado, expandirá o mercado da rede móvel de quarta geração de Ambani ao interior da Índia. Toda a pompa com que o JioPhone foi recebido obscureceu o fato de que, segundo um indicador, a dívida da empresa subiu para o máximo em pelo menos 15 anos.
A empresa de telecomunicações, uma obra a que Ambani se dedica há sete anos por amor, sugou mais de US$ 31 bilhões em investimentos e ainda não rendeu nenhum lucro para ele nem para seus acionistas.
A companhia ajudou a quase triplicar a dívida total do grupo desde março de 2012 e provocou uma guerra de preços cruel no segundo maior mercado de telefonia móvel do mundo. Cerca de 90 por cento das receitas da Reliance continuam vindo das unidades antigas de refino e petroquímicos, e o varejo, a mídia e a exploração de energia contribuem com o restante.
A corretora local Kotak Securities emitiu uma nota de advertência em 23 de julho ao rebaixar, para reduzir, a classificação da ação da Reliance.
"Continuamos cautelosos com a alta projeção de dispêndio de capital e o aumento dos níveis de dívida líquida", escreveram Tarun Lakhotia e Akshay Bhor, analistas em Mumbai.
A razão entre dívida líquida e Ebitda da empresa quadruplicou no período de cinco anos até março de 2017 e está no patamar mais alto desde 2002, quando a Bloomberg começou a monitorar os dados.
Os analistas consideram o Ebitda como um indicador do lucro operacional de uma empresa, ou seja, o dinheiro que ela ganha antes de pagar os impostos e os juros de empréstimos e de contabilizar a depreciação e a amortização.
Um porta-voz da Reliance não respondeu a um e-mail com um pedido de comentários sobre a crescente dívida da empresa.
Ambani descreveu a Jio como "uma joia" entre os recursos da Reliance durante a reunião geral anual da empresa, realizada em 21 de julho. "Seu valor comercial e societário crescerá imensamente na próxima década", disse ele. "Jio se tornará a maior provedora de serviços de dados, produtos e plataformas de aplicativos da Índia."
Na verdade, a Kotak Securities está entre uma minoria de quatro corretoras que recomendam vender as ações da Reliance, frente a 13 recomendações de manter e 21 de comprar entre as firmas monitoradas pela Bloomberg. A ação da empresa subiu 48 por cento neste ano e era negociada a 1.606 rúpias às 11h21 em Mumbai nesta terça-feira, em contraste com a meta de 12 meses de 1.619,20 rúpias.
Para Ambani, os ganhos elevaram seu patrimônio líquido para US$ 35,2 bilhões, levando-o ao número 19 no Bloomberg Billionaires Index, sendo que ele ocupada o 29º lugar no final de 2016. Ele ultrapassou Li Ka-shing — cujo império abrange telecomunicações, varejo e portos — durante alguns dias em abril e novamente no dia 7 de julho.