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Celso Athayde vira sócio da Vai Voando, agência de viagens populares que já superou o baque da covid

Fundador da aceleradora de negócios Favela Holding entra no negócio capitaneado por Marcelo Cohen, da holding BeFly, da Flytour. Ambição dos sócios é triplicar presença e receitas em três anos

Celso Athayde, sócio da Vai Voando: "Agora, estamos saindo da condição de representantes para sócios desse grande conglomerado e isso só mostra que a nossa entrega estava sendo vista o tempo todo.” (Leandro Fonseca/Exame)

Celso Athayde, sócio da Vai Voando: "Agora, estamos saindo da condição de representantes para sócios desse grande conglomerado e isso só mostra que a nossa entrega estava sendo vista o tempo todo.” (Leandro Fonseca/Exame)

LB

Leo Branco

Publicado em 23 de agosto de 2022 às 05h00.

Última atualização em 23 de agosto de 2022 às 12h15.

Uma operação dedicada ao público CDE dentro da holding BeFly (dona da marca Flytour), a agência de viagens Vai Voando anuncia nesta terça-feira, 23, a chegada do empreendedor social Celso Athayde como um dos sócios.

O que é a Vai Voando

Fundada em 2009, a Vai Voando é a pioneira num modelo de negócio 100% focado na base da pirâmide. Atualmente, a rede tem 255 unidades. O faturamento previsto para 2022 é de 77 milhões de reais, 80% acima do patamar do ano passado e quase o mesmo patamar de antes da pandemia. Em 2019, a rede faturou 81 milhões de reais.

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O modelo de negócio da Vai Voando difere de uma agência de turismo tradicional em quatro quesitos:

  • Layout das unidades

Cada loja tem um formato diferente, de acordo com as condições da região onde está inserida. Há unidades com apenas 9 metros quadrados, bem menos do que a média do mercado — na CVC, por exemplo, o mínimo são 30 metros quadrados.

  • Meio de pagamento

A Vai Voando foi pioneira no modelo de boleto pré-pago para viagem. Pelo sistema, o cliente compra a passagem com muita antecedência no sistema da Vai Voando e vai pagando a tarifa em parcelas mensais por boleto bancário. A maioria das passagens é fechada dessa maneira e, segundo a Vai Voando, a inadimplência está em linha com o padrão de mercado, de vendas também à prazo, mas feitas com cartão de crédito.

  • Crédito ao passageiro

Não há necessidade de apresentar comprovação de renda, fiador ou consultas ao SPC e Serasa. A pessoa pode evitar toda a dor de cabeça de um financiamento. Ou, se preferir, a pessoa pode utilizar até três cartões de crédito em até 10 vezes.

  • Destinos escolhidos

Esqueça Disney, Paris ou Buenos Aires. Os rumos de boa parte dos viajantes da Vai Voando são capitais das regiões Norte e Nordeste do país. Fortaleza e Manaus são as campeãs de procura. A demanda é puxada, em boa medida, por filhos e netos da diáspora de nordestinos e nortistas às metrópoles do Centro-Sul.

Como Athayde ficou próximo da Vai Voando

Celso Athayde tem uma relação de longa data com a Vai Voando. Em 2012, o fundador da Central Única das Favelas (CUFA), ONG dedicada à inovação social em comunidades do Rio de Janeiro e depois espalhada por outras metrópoles brasileiras, Athayde foi convidado a levar o modelo de agência de turismo para as classes CDE para as favelas atendidas pela CUFA.

De lá para cá, muita coisa mudou para a Vai Voando e para Athayde.

Sob comando de Cohen, que comprou a Vai Voando em 2021, junto com a Flytour, a agência de viagens populares consolidou posição de destaque no turismo da base da pirâmide e viu decolar os demais negócios do empresário mineiro, herdeiro da tradicional operadora turística Belvitur, de Belo Horizonte.

Quem é Marcelo Cohen

Nos últimos três anos, e em meio à pandemia, Cohen comprou uma porção de negócios no setor, como a agência de viagens corporativas Flytour e a operadora de turismo de luxo Queensberry. A holding BeFly, comandada por ele, deve faturar 6 bilhões de reais em 2022.

O empreendedor social passou a dedicar tempo à incubação de negócios comandados por gente da favela. Surgiu, então, a Favela Holding, uma aceleradora de empresas criada em 2012 como forma de incentivar o empreendedorismo nas áreas com operações da CUFA.

Atualmente a Favela Holding forma um grupo de 24 empresas com a previsão de alcançar 1 bilhão de reais em receita nos próximos três anos, e empregar 32.000 trabalhadores.

Um desses negócios é a Favela Vai Voando, uma joint-venture com a holding BeFly para vender passagem aérea aos moradores das áreas atendidas pela CUFA.

Hoje, das 255 unidades da Vai Voando, 25% são do modelo Favela Vai Voando por estarem nas regiões da CUFA — e serem comandadas por franqueados atraídos em boa medida pelo prestígio de Athayde nessas localidades.

“Com a pandemia o Brasil mudou e nosso setor foi o mais afetado, a aquisição da Flytour pela BeFly mudaria muito o curso da história do turismo no Brasil. Mas eu sabia da importância do trabalho que fizemos até aqui", diz Athayde.

Marcelo Cohen_Befly

Marcelo Cohen, da Befly: “Essa sociedade só vem para reforçar o nosso compromisso de transformar a sociedade e apoiar sonhos que foram interrompidos, possibilitando que mentes empreendedoras sejam donas dos seus próprios negócios" (Exame/Divulgação)

Quais são os planos para a Vai Voando

"Agora, estamos saindo da condição de representantes para sócios desse grande conglomerado e isso só mostra que a nossa entrega estava sendo vista o tempo todo.”

Com Athayde como sócio, todas as unidades terão apenas o nome de Vai Voando. O rollout deve ser encerrado até o fim do ano.

“Essa sociedade só vem para reforçar o nosso compromisso de transformar a sociedade e apoiar sonhos que foram interrompidos, possibilitando que mentes empreendedoras sejam donas dos seus próprios negócios", diz Cohen.

Daqui para frente, os planos são ambiciosos para a Vai Voando. Até o fim do ano, o número de agências deve chegar a 400. Em três anos, a meta é chegar a 1.000. O faturamento deve crescer no mesmo ritmo.

"Queremos triplicar a receita em três anos", diz Luiz Andreaza, diretor geral da Vai Voando desde 2015, depois de passagens pela gerência do Baú da Felicidade, do Grupo Silvio Santos, e pela fabricante de linha branca Whirlpool — outros dois negócios bem-sucedidos na comunicação com amplas camadas da população.

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