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Da Redação
Publicado em 4 de agosto de 2011 às 20h54.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores resolveu nesta semana tomar uma nova iniciativa no caso do embargo russo à carne brasileira, imposto em setembro do ano passado. Celso Amorim mandou uma carta ao colega Serguei Lavrov apontando que a Rússia adota desde o final de 2003 impedimentos às exportações brasileiras de carne, a despeito da "preferência" dos consumidores locais. De fato, a Rússia foi o principal destino de carne bovina brasileira in natura em 2004, com 239 milhões de dólares em compras.
No caso da carne bovina, o pretexto para o bloqueio é a incidência de um caso de febre aftosa no Amazonas. Segundo os produtores brasileiros, a alegação não tem base técnica, porque o caso ocorreu em área isolada onde não há abate para exportação. Na carta, Amorim ecoa o argumento -- "As condições sanitárias da pecuária brasileira não justificam tais medidas" -- salientando que missões brasileiras à Rússia apresentaram "evidência maciça quanto ao fato de que a qualidade da carne bovina exportada não foi afetada de nenhum modo, pois a ocorrência de aftosa teve lugar em uma região situada a mais de 4 mil quilômetros das principais áreas de exportação".
O ministro brasileiro também argumenta que as salvaguardas aplicadas à carne de frango não são compatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A Rússia alega que precisa reestruturar sua indústria antes de liberar o comércio de carne de frango. Mas, segundo Amorim, os russos estão na verdade discriminando fornecedores estrangeiros e impedindo a justa competição entre eles. O embaixador também pede alterações das cotas tarifárias, para que sejam pelo menos "condizentes com a competitividade brasileira" outra discussão antiga e sem solução à vista.
As chances de sucesso do apelo de Amorim são limitadas. Mesmo a visita oficial do presidente Vladimir Putin ao Brasil em novembro não foi suficiente para suspender a proibição.
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o país é o principal exportador de carne bovina do mundo, embarcando 1,3 milhão de toneladas em 2003 e 1,8 milhão em 2004. Segundo Paulo Mustefaga, assessor técnico da CNA, o Brasil é seguido pela Austrália (1,3 milhão de toneladas), Nova Zelândia (600 mil), Argentina (550 mil), Índia (540 mil) e Canadá (500 mil). O mercado mundial movimenta 6,5 milhões de toneladas anuais.