CEEE: apesar da longa crise, o presidente negou que o governo gaúcho pretenda privatizar a companhia de energia (./Divulgação)
Reuters
Publicado em 1 de novembro de 2016 às 17h59.
Última atualização em 3 de novembro de 2016 às 09h37.
São Paulo - A estatal de energia gaúcha CEEE aprovou um plano com medidas de ajuste a serem tomadas até o final de 2017 que deverão incluir cerca de 600 demissões, afirmou à Reuters nesta terça-feira o presidente da companhia, Paulo de Tarso.
O corte representaria quase 20 por cento do quadro de cerca de 3,7 mil funcionários do grupo, e somaria-se a 190 desligamentos já realizados recentemente pela elétrica, que passa por uma crise financeira após acumular anos de prejuízos.
O plano de ajuste incluirá ainda a venda de ativos, como imóveis e participações da empresa em usinas e linhas de transmissão, que deverão ajudar a companhia a levantar caixa, segundo o executivo.
A Reuters publicou em fevereiro que a CEEE pretendia levantar 1 bilhão de reais até 2017 com a venda de imóveis e fatias em empreendimentos, mas segundo o presidente as diretrizes aprovadas pelo Conselho de Administração ainda não definem uma meta numérica para os desinvestimentos.
Ele disse que as primeiras estimativas são de que o plano exigirá a busca por um total de 2 bilhões a 4 bilhões de reais, entre reduções de despesas e geração de recursos para as empresas do grupo.
Segundo informações do site da companhia, a CEEE-D, que atua em distribuição, acumula prejuízo de 1,6 bilhão de reais desde 2011.
Já a CEEE-GT, de geração e transmissão, soma perdas de 387 milhões de reais no período, com prejuízo em três dos últimos cinco anos.
Apesar da longa crise, Tarso negou que o governo gaúcho pretenda privatizar a companhia de energia.
"Não tenho uma posição de privatização por parte do controlador. Esse assunto tem sempre muita especulação... a presidência trabalha formalmente com uma posição de recuperação da companhia e é nisso que estamos focados", afirmou o executivo.
Detalhes em definição
A CEEE-GT possui duas hidrelétricas que somam cerca de 900 megawatts em potência e cerca de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão de eletricidade, além de participações minoritárias em outras hidrelétricas e em parques eólicos.
Segundo Tarso, a empresa está em fase de contratação de uma avaliação sobre o valor desses empreendimentos que deverá também sugerir quais deles podem ser vendidos e a quais preços.
Uma avaliação semelhante em relação aos imóveis da companhia já está em andamento.
"Nossa intenção é implementar todas essas propostas até o final de 2017... agora, a gente depende do mercado... a gente sabe que prazos sempre podem ser objeto de alongamentos", afirmou Tarso.
Ele também disse que as demissões na companhia serão definidas em 2017, após a conclusão de estudos internos.
Mas os cortes deverão focar na CEEE-D, justamente por ser a empresa mais problemática do grupo.
A distribuidora também será foco de um programa de redução de perdas de energia que contará com 25 milhões de dólares obtidos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O presidente da CEEE afirmou ainda que a área de distribuição do grupo já deverá apresentar melhoria nos resultados neste ano, após reduzir o número e duração das interrupções no serviço de distribuição.
"A CEEE está mostrando sua recuperação", afirmou.