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CCR tem queda no lucro do 1º trimestre e busca retomar foco do investidor

Maior operadora de infraestrutura e de mobilidade urbana do país, a empresa planeja participar de 11 concessões federais de rodovias até 2021

CCR: lucro 19,9% na comparação com o mesmo período em 2018 (CCR/Divulgação)

CCR: lucro 19,9% na comparação com o mesmo período em 2018 (CCR/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 30 de abril de 2019 às 06h15.

São Paulo — A CCR indicou na segunda-feira, 29, interesse em expansão de negócios no Brasil e no exterior, num esforço para retomar o foco do investidor na agenda estratégica da companhia, enquanto tenta superar os prolongados efeitos da greve dos caminhoneiros do ano passado e de polêmicas envolvendo um acordo de leniência.

Maior operadora de infraestrutura e de mobilidade urbana do país, a CCR planeja participar de 11 concessões federais de rodovias até 2021, assim como da licitação de linhas de trens metropolitanos e de intercidades, em São Paulo e da relicitação do aeroporto de Viracopos. A empresa ainda sinalizou planos de expansão de negócios na Colômbia e na América Central.

Com queda de cerca de 20 por cento de suas ações na bolsa desde o final de janeiro, a CCR firmou nos últimos meses acordos com procuradores do Paraná e de São Paulo, comprometendo-se a pagar mais de 800 milhões de reais para por fim a investigações envolvendo caixa 2 eleitoral e corrupção.

O episódio colocou a companhia no centro de uma polêmica sobre governança, com empresas especializadas em orientar acionistas recomendando reprovar um programa de incentivo à colaboração, que previa pagamento de 71 milhões de reais a executivos envolvidos em atos ilícitos. A proposta foi aprovada por maioria, em assembleia na semana passada.

"Concluídos os acordos, queremos retomar a percepção de valor da companhia", disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da CCR, Arthur Piotto Filho. "Este é um dos principais desafios deste ano."

Segundo o executivo, a empresa vem preparando suas finanças para as próximas concorrências públicas. No primeiro trimestre, a combinação de crescimento das receitas e controle custos fizeram o indicador dívida líquida/Ebitda atingir 2,6 vezes, ante 2,8 vezes ao final de 2018. Na avaliação da diretoria, esse índice poderia ir a até 3,5 vezes sem comprometer a sustentabilidade financeira.

"Dito de outra forma, isso nos permitiria em um endividamento adicional de até 5 bilhões de reais", disse Piotto Filho. "Isso nos dá um poder bastante bom de participar de próximas licitações."

Resultado

A CCR teve lucro líquido de 358,1 milhões de reais, uma queda de 19,9 por cento ante mesma etapa de 2018. De todo, foi uma reversão após o prejuízo de 307 milhões no quarto trimestre.

A companhia ainda acusou os desdobramentos da greve dos caminhoneiros em 2018, que entre outras consequências forçou o governo federal e o do Estado de São Paulo a isentar cobrança de eixo suspenso de caminhões vazios. Segundo a empresa, essas isenções resultaram em perda de receita de 74,2 milhões de reais no primeiro trimestre. Desde o início das isenções a conta chega a 250,3 milhões.

"As isenções de eixos suspensos são passíveis de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, e as formas de compensação estão sendo discutidas com os poderes concedentes", afirmou a CCR no balanço.

O resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado somou 1,382 bilhão de reais entre janeiro e março, aumento de 14,5 por cento contra um ano antes.

O tráfego de veículos nas rodovias administradas pela CCR no primeiro trimestre foi 0,9 por cento superior ao de mesma etapa do ano passado, excluindo efeitos como o das isenções de eixos suspensos. Sem esse ajuste, em termos consolidados, o tráfego caiu 1,2 por cento.

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